domingo, 6 de dezembro de 2009

A Sociedade da Fama Flutuante

No início do século XXI, percebe-se uma tendência mundial em que as celebridades ou os famosos vivem uma espécie de câmbio de popularidade na chamada sociedade da fama flutuante. Ora eles são apresentados no auge de suas carreiras, ora na decadência do ostracismo. E essa alternância entre os dois pólos extremos são noticiadas com uma impressionante variação. Como por exemplo, notícias de que Amy Winehouse está internada numa clínica de reabilitação ou de que ela fez uma cirurgia para implantar próteses de silicone nos seios poderiam facilmente ser divulgadas no mesmo dia. No entanto, tanto as notícias boas quanto as ruins que são veiculadas pela mídia servem para ressaltar o status de celebridade do artista.
O que também é possível de identificarmos nessa sociedade é o aumento do surgimento instantâneo dos chamados anônimos famosos. Estes não precisam possuir nenhuma habilidade artística, política ou científica. Basta que eles consigam atingir uma projeção na mídia através de reality shows ou de alguns casos inusitados como o que aconteceu recentemente com a estudante Geisy Arruda da Universidade Bandeirante de São Paulo, conhecida como Uniban.
Geisy Arruda, então aluna do curso de Turismo da Uniban, foi hostilizada por outros alunos da universidade sendo chamada de prostituta e, segundo ela, ameaçada de estupro dentro do estabelecimento acadêmico pelo simples fato de ter usado um minivestido rosa naquela noite de 22 de outubro de 2009. O caso rapidamente tomou proporções nacionais devido à divulgação, no You Tube, de vídeos que alguns alunos fizeram com seus aparelhos celulares.
O You Tube tornou-se uma poderosíssima ferramenta no processo de celebrização destes “anônimos famosos”. Visto que, este website pode fazer uma projeção em escala muitas das vezes global que antes só era possível através da TV ou do cinema. Recentemente ficou conhecido no Brasil o caso da mulher que, da calçada do prédio do namorado Pedro, as berros exigia que ele devolvesse o seu chip do aparelho de celular. O vídeo além de divulgado pelo You Tube passou a ser divulgado pelas redes de TV. Pedro tornou-se um anônimo famoso que chegou a dar entrevista ao Fantástico e foi criado até um funk com os berros da mulher que optou por permanecer anônima porque só queria o seu chip de volta.
Porém, nada se compara à projeção que a anônima famosa Geisy Arruda obteve a nível nacional. Após a divulgação de seus vídeos na internet, a imprensa noticiou seu caso diariamente até que o fato gerou algumas consequencias. A Uniban decidiu expulsar a aluna que, segundo eles, disseminou a baderna na instituição. O Ministério da Educação quer que a universidade dê uma explicação plausível a respeito da expulsão da estudante de turismo. Manifestações foram realizadas por estudantes ligados à UNE na porta da instituição. Geisy ganhou, instantaneamente, advogado, assessor de imprensa e cabeleireiro que lhe prestam serviços quase que gratuitamente. A Playboy faz sondagens para que Geisy exiba seu corpo num ensaio fotográfico. Tornou-se musa da escola de Samba Porto da Pedra, de São Gonçalo. Seu caso é noticiado e comentado em uma série de debates, nos programas vespertinos, nas revistas semanais e de fofocas, nos websites, nos blogs, nas comunidades e fóruns virtuais.
Ela também participa em uma série de programas nas principais redes de TV do país num incrível espaço de tempo de uma semana como Dia Dia e CQC, da Band; Superpop e TV Fama, da RedeTV!; Fantástico, Casseta & Planeta Urgente e Jornal Hoje, da Rede Globo; Programa do Ratinho, do SBT; Geraldo Brasil, Programa do Gugu, Domingo Espetacular e Hoje em dia, da Rede Record. E, em declarações que deu a alguns destes programas, Geisy afirmou que fora vítima dentro da Uniban e que entraria com uma ação contra a Universidade devido aos danos morais que afirma ter sofrido.
Esta projeção nacional e o enfoque dado pelas principais emissoras do país é, sem dúvida alguma, o sonho de qualquer artista. Porém, o que percebemos é que cada vez mais é dado destaque aos chamados anônimos famosos e seus casos inusitados. Tal fato está estritamente ligado ao fato de alguns segmentos da classe artística manifestarem publicamente o seu repúdio ao destaque exacerbado dado pela mídia aos aônimos famosos.
Alguns programas de TV como o Pânico na TV da RedeTV utiliza-se desta ferramenta de mostrar anônimos fazendo coisas inusitadas e acaba dando-lhes a oportunidade de ter seus 15 minutos de fama, assim como já previa Andy Warhol na década de 1960. No programa são exibidas mulheres que fogem ao padrão de beleza fazendo poses sensuais na praia, coberturas de festas com ex-participantes de reality shows e até entrevistas inusitadas com moradores de rua que são levados a contar piadas ou dançar. Tudo por alguns minutos de fama.
No entanto, o programa excede os limites por tentar utilizar-se do mesmo artifício e submeter às mesmas situações nomes já consagrados da classe artística brasileira. Ao convencer o político Eduardo Suplicy a vestir uma sunga por cima de seu terno ou sujar os cabelos do ator baiano Wagner Moura com gel. Ao ser vítima dessa brincadeira realizada pelo programa. Wagner tornou pública uma carta em que repudiava esse tipo de programa ao dizer: “Compartilho minha indignação porque sei que ela diz respeito a muitos; pessoas públicas ou anônimas, que não compactuam com esse circo de horrores que faz, por exemplo, com que uma emissora de TV passe o dia INTEIRO mostrando imagens da menina Isabella. Estamos nos bestializando, nos idiotizando. O que vai na cabeça de um sujeito que tem como profissão jogar meleca nos outros? É a espetacularização da babaquice. [...] Digo isso com a consciência de quem nunca jogou o jogo bobo da celebridade. Não sou celebridade de nada, sou ator. Entendo que apareço na TV das pessoas e gosto quando alguém vem dizer que curte meu trabalho, [...]. Gosto de ser conhecido pelo que faço, mas não suporto falta de educação. O preço da fama? Não engulo essa”.
Vivemos numa sociedade em que a fama é flutuante e a maioria das pessoas que tornam-se anônimos famosos cai, posteriormente, na decadência do ostracismo. Fenômenos midiáticos como o de Pedro do chip e o de Geisy Arruda são, lentamente, deixados de lado pela mesma mídia que sempre parte em busca de anônimos dispostos a tornarem-se famosos. O que ocasiona um outro fenômeno conhecido como a decadência das celebridades.
Torna-se cada vez mais comum o absoluto esquecimento de determinadas celebridades, com habilidades artísticas ou não, que já tiveram uma visibilidade anteriormente e que hoje experimentam o total ostracismo. Como por exemplo o cantor e compositor Belchior que atualmente vive numa cabana isolada no Uruguai. Cada vez mais astros e estrelas tornam-se astros decadentes, ou cometas, e a esse fenômeno é dado o nome de cometismo. O “cometismo” é um fenômeno temporário que tende a projetar celebridades esquecidas por um curto espaço de tempo na mídia e, posteriormente torna a empurrá-los para o ostracismo. No caso de Belchior, ele já foi um astro e caiu no ostracismo. A mídia dá-lhe um enfoque rápido, fazendo com que ele entrasse em um repentino processo de cometização e, depois ele tende a voltar para o ostracismo.
Dentro deste fenômeno do cometismo é observada uma tendência que leva estas celebridades a introduzirem-se no mercado crescente atualmente no Brasil, a pornografia. A pornografia permite que estas celebridades ganhem visibilidade e projeção nacional através da mídia por um período efêmero. Atualmente, a Brasileirinhas é a principal produtora de fimes adultos no país que foca seu mercado na venda de DVDs. Inúmeros são os astros decadentes, cometas, que já participaram de filmes eróticos no país. São eles: os atores Alexandre Frota, Leila Lopes, Regininha Poltergeist, Márcia Imperator, Oliver e Mateus Carrieri; as cantoras e bailarinas: Gretchen e Rita Cadillac; a ex-prostituta e escritora Bruna Surfistinha e a transsexual e ex-participante de reality show Bianca Soares.
A participação destes cometas em filmes pornográficos tende a dar-lhes a mesma visibilidade e projeção na mídia conseguidas pelos anônimos famosos. Porém, que não é duradoura e depois de alguns meses tornam a cair no ostracismo sendo eles bons exemplos para pensarmos numa sociedade cuja fama tende a ser cada vez mais flutuante neste início de século.
É importante ressaltar que durante a década de 1990, Alexandre Frota atuou em novelas em algumas emissoras de TV do país, sendo a última Marisol (2002) do SBT. Frota inicia-se no mercado pornô em 2004 atuando nos seguintes filmes: Sexo, Suor e Samba; A Bela e o Prisioneiro; Obsessão. E consegue, surpreendentemente, uma projeção como cometa que nunca havia tido enquanto era astro de novelas da Rede Globo. Portanto, é importante destacar que nem sempre um astro tem mais visibilidade que um cometa, nessa sociedade de fama flutuante do início do século XXI. Recentemente Frota trabalhou como diretor assistente do reality show A Fazenda, da Rede Record.
A atriz Leila Lopes teve seu auge como estrela durante a década de 1990 no Brasil atuando em algumas novelas como Pantanal (1990), O Guarani (1991), Despedida de Solteiro(1992), Renascer (1993), Tropicaliente (1994), O Rei do Gado (1996) e Malhação (1997). No início da década de 2000, cai no absoluto ostracismo. Quando no final da mesma década ressurge como cometa atuando nos seguintes filmes pornográficos: Pecados & Tentações (2008); Pecado sem Perdão (2009); Pecado Final (2009). Com a divulgação de seus filmes em 2009 e sua retomada projeção nacional diante da mídia, Leila dá entrevistas onde tente reafirmar seu caráter artístico e sua profissão de atriz: "As cenas de sexo são lindas, não são vulgares. [...] Dei tudo de mim, me dediquei muito, incorporei a Marlene e a vivi intensamente, com a mesma disciplina que interpretei outras personagens. Mas depois que voltei a ser a Leila Lopes eu chorei muito, porque não estou acostumada a ir numa balada e 'ficar', pra mim tem que ser tudo romântico. E por mais que o Carlão seja educado e gentil, não deixa de ser um estranho", explicou Leila, referindo-se a Carlos Bazuca, seu companheiro de filmagem. "Foi altamente interpretação. Tem que ter muita técnica, colocação de corpo, postura para a câmera”, contou.
Apesar de ter recebido propostas para atuar em outros filmes pornográficos e para apresentar um programa sobre sexo na TV a cabo, Leila Lopes mostrava-se insatisfeita e apresentava já em meados de 2009 sinais de depressão. Em 03 de Setembro de 2009, foi divulgado pela imprensa que Leila estava com uma doença misteriosa e que se submeteria a um tratamento. Leila apareceu em programas de TV como o TV Fama da RedeTV e chegou a dar uma entrevista deitada numa cama de hospital comentando sobre a doença e sobre os exames aos quais se submeteria.
Não aguentando sua atual condição, Leila Lopes suicida-se na noite de 03 de dezembro de 2009 após ingerir veneno para rato. Dando fim a uma carreira de novelas, na década de 1990, e de filmes pornográficos, no fim da década de 2000. É importante perceber que nesta sociedade cuja fama tornou-se flutuante, a projeção dos anônimos famosos e dos cometas pode ser extremamente prejudicial a eles quando combinado com problemas de saúde, financeiros e/ou psicológicos. Devemos fazer com que os meios de comunicação zelem pelo verdadeiro artista dando-lhe o devido reconhecimento. Somente desta forma poderemos verificar a mudança no atual quadro em que cada vez mais anônimos famosos e cometas são celebrizados reforçando assim o caráter fútil e superficial desta sociedade que tornou-se marcante no início do século XXI.

Por Jurdiney da Costa Pereira Junior

sábado, 28 de novembro de 2009

Lua

Como é bela a serenidade da noite
Graças ao brilho da Lua
Reina como ninguém
comanda a calmaria enquanto dormimos
É a solidão que nos acolhe
Enquanto o dia se recolhe

Tão bela e tão solitária
Refletindo um certo calor
Que nos aquece com ajuda eterna de uma Estrela
Que não deixa entristecer sua beleza
Destreza de carinho

Lua cheia de sonhos
Já minguando de tanta solidão
E capaz de sair de órbita
E embalar cada coração
Lua nova, Lua Moça
Lua como ninguém

Mas sofrimento não mais há
Somente para quem enxergar
E que nela basta crer
Para nas estrelas, perceber
Que ela nos quer bem
Nossa eterna amiga Lua

Feito para minha amiga Luana Marcelino Malafaia

domingo, 15 de novembro de 2009

Liberdade

A Liberdade de uma pessoa pode aprisionar a de outras.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Rua Bolívar, Apartamento 1001



Certa noite fui até um bar. Lá, havia um garoto magro e franzino, quinze anos mais novo que eu, tomando uma caipirinha. No decorrer da noite, nós conversamos e nos conhecemos um pouco mais. Quando saímos do bar, trocamos os números de telefone e, assim que ele tomou um táxi, eu lhe enviei uma mensagem para o seu telefone celular dizendo que havia adorado conhecê-lo e que adoraria encontrá-lo novamente.

E assim seguimos nos falando pelo telefone. Eu em Copacabana, e ele nos confins de São Gonçalo. Até que num certo dia, o rapaz veio a Botafogo buscar um documento de um curso de História da Arte que havia feito recentemente e, coincidentemente, eu estava ali por perto. Fomos até um café para batermos um bom papo. Descobri que, apesar da diferença de idade, nós possuíamos algumas afinidades.

Continuei encontrando-me com aquele garoto que, acabei por descobrir, tratava-se de mim mesmo alguns anos mais jovem. E eu realmente gostava de sua companhia. Parecia que um sentimento novo e mágico estava por vir. E, por alguns instantes, eu cheguei a acreditar que seríamos bons parceiros nesta vida.

Quando mudei-me para a Rua Bolívar, Apartamento 1001, ele veio comigo. Sua companhia nos finais de semana me fazia bem. Eu tentava lhe agradar trazendo-lhe bombons e levando-lhe o café na cama. Juntos nós conversávamos, víamos "Os Normais", dávamos carinho e atenção um ao outro, e ele me fazia rir com as suas ideias malucas.

E assim seguiam os finais de semana ao seu lado. Ora eu lhe mostrava filmes, ora era ele quem os me mostrava. Definitivamente, ele era eu. E às vezes era difícil, para mim, compreender o seu pensamento. Mas depois tornava-se fácil quando eu me lembrava que já havia tido aquela idade.

Mas se é certo que, felizmente ou infelizmente, tudo que é bom termina, aquela parceria também terminaria. E terminou. E aquilo que parece ser sincero nem sempre o é. Foi só eu dar asas ao meu menino e ele quis voar escondido de mim. Hoje, não sei por onde ele anda e nem sei o que tem feito por aí. Só espero que ele tenha aprendido a lição e que um dia cresça para que, enfim, possa ser como realmente sou.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Novamente

Preciso, novamente, de uma
nova mente.

Novamente, preciso de uma
nova mente.

Preciso de uma nova mente,
novamente.

Novamente, uma nova mente.
Novamente.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O Nosso Amor é uma Mentira

Quando nos conhecemos,
Romanticamente, nos encantamos
E começamos a mentir

Mostramos um ao outro,
Num gesto de carinho,
Aquilo que nunca fomos

Foram três anos da mais pura mentirada
Tu fingias que me amava
E eu fingia que acreditava

Quando nos afastamos,
Por incrível que pareça,
O amor não terminou
E a mentira prevaleceu

Nós fingimos que nos esquecemos
Apagamos todos os momentos
E aquele sentimento
Que você nunca me deu

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Morte Viva



Eu já sabia que não mais nos amávamos. Também sabia que precisava urgentemente fazer alguma coisa para mudar aquela situação na qual nos encontrávamos. Mais o que eu poderia fazer? Tentar reconquistar o seu amor ou esquecê-la de uma vez por todas? Por mais que eu me esforçasse, não me chegariam as respostas para estes meus conflitos. E, talvez, nem mesmo ela soubesse da existência dos dilemas que habitavam em minha mente. Sempre fui muito tímido. Ela jamais saberia a respeito da grandeza ou da ausência de qualquer sentimento meu em relação a ela ou a qualquer coisa. Nem eu mesmo os sabia. Só sabia que o amor, amor mesmo, há muito tempo já havia acabado. Mas continuávamos a nos encontrar.

Num desses encontros, conversamos como nunca antes. Ela me contou sobre seus medos, seus sonhos, suas fraquezas e seus planos para o futuro. Eu apenas a ouvia e me interessava a respeito de seus assuntos. Se havia algo de que eu estava certo era de que ela, como nenhuma pessoa antes, me fascinava. Tudo nela me parecia mágico. Me prendia, me surpreendia e encantava. Jamais imaginei sentir aquilo por alguém. Ainda mais com aquela jovem delicada que não me tinha nada a oferecer. E, por acaso, há cerca de dois anos e meio eu vinha sendo envolvido pela sua beleza e formosura.

Mas algo martelava minha cabeça para que eu fizesse algo urgentemente. O que sentia por ela era amor? Não mais. Preferi, então, preparar-lhe um jantar de despedida. Convidei-a para que viesse à noite até minha casa. À luz de velas, comemos lasanha e bebemos vinho. Conversamos e gargalhamos por alguns instantes sentados no sofá da sala. Por alguns instantes fomos felizes. Pouco tempo depois, estávamos deitados sobre a cama. Ambos os corpos nus e entrelaçados, como de costume.

Na calada da madrugada, acordei assustado e olhei para ela enquanto dormia. Sem muito pensar, saquei a tesoura que havia afiado naquela tarde e que estava escondida sob o meu travesseiro. Sem muito pensar, perfurei-lhe o peito e, em seguida, rasguei-lhe o tórax. De lá de dentro retirei o coração quente e ensanguentado que em minha mão ainda pulsava. Enfim, era meu.

Num ato de desespero, eu tranquei o seu coração dentro de uma gaveta e deitei a chave fora. Lá dentro, sei que solitário e calado, o coração que foi dela ainda pulsa. Cada vez mais vivo e vermelho. E continuará pulsando enquanto eu ainda escrever pensando nela.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Narciso




Todos os dias quando acordo, ainda sobre a cama, eu olho para o espelho e, através dele, enxergo um homem que desconheço. Não sei de onde ele veio e nem o que ele procura. Fisicamente falando, nós somos idênticos. Mas, apesar da semelhança, ele parece ser bem mais triste e solitário que eu. Talvez seja por isso que ele venha me procurar todas as manhãs. E, assim como eu, ele é a primeira pessoa a me olhar quando eu acordo. E continua a me olhar até que me chegue o ânimo fazendo com que da cama eu me levante. Quando o faço, ele também se levanta e sempre me acompanha. É como numa espécie de ritual. Ao entrar no banheiro, lá ele já se encontra no espelho a me esperar. Acredito que, pela solidão, ele tenha encontrado em mim um refúgio para fazer até mesmo as atividades mais simples e banais como pentear os cabelos e escovar os dentes. Os seus olhos tristonhos revelam que ele precisa de mim. É estranho porque dele eu não sei absolutamente nada.

Sentado à mesa de café-da-manhã e pensando que aquele triste rapaz de mim se ausentara, deparo-me com o seu triste semblante agora distorcido pelo fundo da colher na qual se encontra. Ele agora parece um monstro. Mas como é certo que todo monstro ama, sei que ele nutre por mim um profundo sentimento de amor. Apesar de não saber o que exatamente em mim o fez apaixonar-se tão loucamente a ponto de me acompanhar durante todo o dia. Como por exemplo, andando pelas ruas ele sempre aparece para mim nos vidros dos carros que cruzam o meu caminho. Ele faz isso para lembrar-me de que está sempre pensando em mim mesmo.

Ironicamente, ele está tão sincronizado a mim que é capaz de sentir aquilo que no exato momento eu também estou sentindo. Mas ele é bem mais emotivo e sentimental que eu e, por isso, demonstra mais emoção para com os meus sentimentos do que eu próprio. Diferentemente de mim, ele costuma chorar.

Quando, à noite, chego em casa abatido pelo cansaço do quotidiano eu o encontro novamente dentro do espelho e, apesar de aparentar a mais completa exaustão, ele me esboça um bonito e sincero sorriso. Talvez ele queira me mostrar que a vida ainda é bela e que ainda tenho em quem confiar.

Antes de dormir, eu me pergunto: Quem seria aquele homem que me observara durante todo o dia? Quem seria aquele homem que sabe mais a respeito de mim do que eu mesmo? Quem é ele e o que quer de mim? Não sei e talvez eu nunca saiba. Apenas tenho a certeza de que um dia morrerei sem nunca tê-lo conhecido como no fundo eu gostaria.

domingo, 16 de agosto de 2009

Vestibular da UFF, Jurdiney Junior e Estudos de Mídia


No ano de 2007, sob o incentivo de um amigo que cursava Geografia na UFRJ, eu me inscrevi no vestibular da UFF. Após dois anos sem estudar e tendo abandonado completamente o 6° período do curso de Letras numa outra universidade por motivos familiares, eu me aventurei nesse louco desafio que é a prova de vestibular de uma Universidade Federal. A princípio, eu prestaria a prova para o curso de Cinema por sempre ter sido louco por filmes, mas acabei optando pelo curso de Estudos de Mídia por me parecer igualmente interessante.Comecei, então, a revisitar os livros tão distantes do Ensino Médio. E tentar refrescar a minha memória para assuntos que há cinco anos estavam adormecidos em minha mente. Não fiz cursinho de pré-vestibular. Eu estudava em casa mesmo.

Todos os dias, depois de chegar cansado do serviço, eu me afundava em Matemática, História, Física, Geografia e Biologia. Língua Portuguesa e Literatura nem tanto por achar que tiraria de letra. Ou de Letras. Agora, quanto à Química, eu desisti completamente. Posso contar nos dedos quantas foram as vezes que abri o livro para ler qualquer coisa que fosse. E assim eram todos os meus dias. Chegava cansado do trabalho e estudava até que o sono em mim chegasse.Confesso que em algumas vezes eu me sentia desmotivado. Talvez pelo fato de não dominar mais determinados assuntos dos quais há mais de cinco anos não ne lembrava sequer da existência. Eu me lembro também que havia passado recentemente para um concurso da Caixa Econômica Federal e estava muito ansioso para ser logo chamado. Por outro lado, a motivação vinha das pessoas que me rodeavam e me queriam bem, da minha vontade de querer mudar e do desejo de querer fazer algo novo que me impulsionasse para fazer aquilo que gosto depois de ter sido subjugado por alguns familiares que se mostraram falsos torcedores do meu sucesso.

Motivado e confiante em mim mesmo, fui fazer a tão aguardada prova de vestibular. Eu estava muito ansioso. Mas no fundo, algo me dizia que eu conseguiria ter um bom desempenho naquela primeira fase. Fiz toda a prova muito calmo e tranquilo. Eu estava certo de que passaria para a segunda fase. E passei. No mesmo dia, mais tarde, vi na Internet que eu havia acertado 38 questões num total de 66. Fiquei feliz e bastante empolgado para a segunda fase.

Mas no dia, eu estava muito nervoso. Fiz a prova de Língua Portuguesa muito rapidamente, esquecendo de revisar os meus erros. Na de História, eu acabei me atrapalhando com coisas bobas. Na redação eu fiz um paralelo entre as liberdades sexuais no Império Romano e os dias de hoje. Quando terminei de realizar a prova, eu me lembro que saí da sala acreditando que havia feito a melhor prova da minha vida. Mas na verdade eu estava muio confuso.Na saída, encontrei-me no ponto de ônibus com um rapaz que também havia feito a prova de vestibular na mesma sala que eu e, coincidentemente, para o mesmo curso, Estudos de Mídia. Seu nome era Thiago Nascimento dos Santos. Nós pegamos o mesmo ônibus no sentido de Alcântara e fomos conversando sobre filmes, sobre a prova de vestibular e sobre o próprio curso, pois sua namorad já cursava Estudos de Mídia. Ficamos amigos naquele instante. Nós mantínhamos contato pelo Orkut e MSN apenas, até pegarmos o resultado das nossas provas.

Minha ansiedade era tanta que cheguei a criar uma comunidade no Orkut para manter contato com outras pessoas que estavam aguardando o resultado como nós dois.No dia divulgado pelo vestibular, entrei no website e peguei o resultado. Para este curso, havia 40 cadeiras disponíveis. Minha posição foi a número 53. Droga! Fui para a reclassificação a espera de um milagre que não veio. Telefonei para o Thiago e ele me disse que não tinha conseguido entrar na fila de reclassificação. Mantivemos contato por todo aquele ano, então. Sempre um incentivando o outro para tentar novamente no ano seguinte.Enquanto isso, a comunidade que eu havia criado permanecia, por mim, esquecida. Alguns alunos, então, se sentiram no direito de debocharem de mim porque eu havia criado uma comunidade do curso para o qual eu não havia sido "selecionado". Estes mesmos alunos também criaram um perfil falso para mim no Orkut - www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=16973102197685800120 - no qual me ofendiam e subestimavam a minha capacidade de entrar numa universidade federal.


Os alunos passaram, então, a me materializar num boneco que funcionava como uma espécie de vodu, estando presente nas festas, churrascos e choppadas do curso. Eles passaram a fotografar este meu boneco e fotografá-lo em diversas situações. Entre elas, sentado numa mesa de bar na Praça da Cantareira. E ainda rendeu a criação de um blog cujo link é http://omitojurdiney.blogspot.com/2008/08/blog-post.html . Eles riam de mim também pelo fato de eu não ter conseguido entrar na primeira vez que tentei o vestibular para a UFF. Me taxavan como incapaz e que eu deveria continuar tentando. O meu nome incomum também virou sinônimo de ausência. Quando queriam dizer que um determinado lugar estava vazio, eles diziam que somente o Jurdiney estava lá. E todos queriam fotografar com o boneco do Jurdiney, fazer vídeos com o boneco do Jurdiney, levar o Jurdiney para as festas. Enfim, eu virei onipresente no IACS e fora dele.

Eu confesso que fiquei assustado à primeira vez que vi a repercussão que aquilo tudo estava tomando. Achei que quem fez aquele perfil fake no Orkut foi muito criativo, até. E não o denunciei ao Google por até achá-lo engraçadinho. Mas, sem dúvida, a infantilidade de determinados alunos é inquestionável. E todos esses ataques só me mostraram que um veterano, não necessariamente é mais inteligene que alguém que ainda não entrou no curso.O que no fundo eu não entendia era o porquê que eles me julgavam incapaz de entrar no curso que eles faziam. Por que se sentiram no direito de me insultar? E o que os levou a brincar com o nome de uma pessoa que eles nem conheciam e nem sequer haviam visto? Essas coisas me passaram pela cabeça.Nos seus ataques, eles diziam pra que eu continuasse tentando. E foi exatamente o que eu fiz.

No ano seguinte, passei para o segundo semestre, apesar de ter zerado Química, e ter sido beneficiado por uma questão anulada, fui contemplado com uma nota dez em minha redação. Eu estava muito feliz por ter conseguido entrar para o curso de Estudos de Mídia na segunda tentativa e ter provado para mim mesmo que eu era capaz. Resolvi, então, brincar também com os meus novos amigos de universidade e me senti no direito de apagar um determinado tópico naquela mesma comunidade do Orkut que eu mesmo havia criado. Assinei ali a minha sentença de morte. Os ateques se intensificaram e passaram a ser muito agressivos. Uma determinada aluna, C., chegou a criar uma comunidade no orkut intitulada "MORTE AO JURDINEY". Eu fiquei surpreso e acabei denunciando-a ao Google.As ofensas foram tantas que os coordenadores do curso, Ana Enne e Afonso Albuquerque, chegaram a intervir e a publicar no orkut um descontentamento. Suas palavras eram essas: "Manifestamos publicamente a nossa indignação diante das atitudes discriminatórias manifestadas por alunos do curso de Esudos de Mídia em comunidades do Orkut, dirigidas contra determinadas categorias sociais, particularmente de caráter homofóbico. Ainda mais grave, essas atitudes discriminatórias têm se voltado contra pessoas concretas, especificamente alunos do curso e aprovados no vestibular. Trata-se de uma atitude covarde, de linchamento moral, incoberto pelo inacreditável álibi do "humor". Sabemos que as comunidades do Orkut são um espaço para a livre expressão do pensamento. Porém, a liberdade de expressão termina onde começa a agressão. Lembramos que práticas discriminatórias - principalmente quando dirigidas a pessoas especificas - são passíveis de processo judicial. Consideramos essas atitudes covardes e inteiramente incondizentes com os valores de cidadania patrocinados pelo curso. Ana Enne e Afonso de Albuquerque".

Eu sempre fui um cara tranquilo que brinca e aceita brincadeiras, mas determinadas coisas que eles escriviam realmente eram grosseiras e ofensivas. Como forma de tenar me aproximar desses alunos cheguei a ir no dia 20 de Março de 2009 a uma festa, que não é a festa original do curso, mas que se autointitula FANFAMÍDIA. Nesta festa, tentei conversar com alguns alunos que me atacavam pela internet, mas não tive muito sucesso. Ao contrário dos calouros do Curso de Estudos de Mídia, 2009/01, que sempre foram receptivos para comigo.

No dia 03 de Agosto de 2009, fui ao IACS fazer a minha inscrição em disciplinas e conheci alguns calouros que estudarão comigo. Depois, alguns veteranos, entre eles alguns que me ofenderam pela internet, nos levaram para o campus do Gragoatá. Houve uma breve e fútil apresentação, sempre com o ar de superioridade de alguns veteranos pra cima dos calouros.Amanhã, 17 de Agosto de 2009, estarei lá no IACS à tarde para a Semana de Boas Vindas a nós, calouros. Diria que estou ansioso para começar logo a estudar. Fico feliz por entrar neste curso insistido por mim durante dois anos e por saber que lá eu já possuo alguns amigos. E que novas amizades ainda surgirão.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

SUB_ESTE_TUDO

SUBMUNDO_______SUBMERGE________SUBNUTRIDOS
SUBESTADO______SUBESTIMA________SUB-BESTAS
SUBPROGRESSO___SUBVERTE_________SUBSOLOS

SUBPOLÍTICOS___SUBSTITUEM_______SUBSALÁRIOS
SUBEMPREGOS___SUBDESENVOLVEM__SUBESPÉCIES
SUBURBANOS____SUBTRAEM_________SUB-BURGUESES

SUBCONSCIENTES__SUBORDINAM______SUB-RAÇAS
SUBIMISSOS______SUBLIMAM________SUBTERRÂNEO
SUBPÊNIS________SUBMETEM________SUBGÊNEROS

SUBEDUCAÇÃO___SUBESCREVE_______SUBLINHAS
SUBSTANTIVO___SUBJETIVO________SUBJUNTIVO
SUBPOVO_______SUBMUNDO________SUBTUDO

O que ouço na minha casa




Arnaldo Antunes (muito e bem alto)
Alceu Valença
Bossa Cuca Nova
Carlinhos Brown
Caetano Veloso
Charles Aznavour
Chico Buarque
Cidade Negra
Casuarina
Céu
Clementina de Jesus
Chico César
Clara Nunes (bem alto)
Chico Science
Carmem Miranda (muito)
Os Doces Bárbaros (muito e bem alto)
Dorival Caymmi (muito)
Dominguinhos
Elba Ramalho
Edu Lobo
Elza Soares
Edith do Prato
Edith Piaf
Gal Costa
Gilberto Gil
Geovana do Samba Rock
Humberto Teixeira
Ivan Lins
Jongo da Serrinha
Jorge Aragão
Joyce
Jorge Ben Jor
João Nogueira
Jackson do Pandeiro
Juliana Diniz
Leila Pinheiro
Lenine
Luiz Gonzaga
Maria Bethânia (muito e bem alto)
Moraes Moreira
Marisa Monte (muito)
Mawaka
Margareth Menezes
Maria Rita
Mart'nália
Martinho da Vila
Maysa
MPB-4
Monobloco
Noel Rosa
Ney Matogrosso
Natiruts
Nação Zumbi
O Rappa
Omara Portuondo
Paulo Colares
Paulinho da Viola
Planta e Raiz
Paralamas do Sucesso
Paula Lima
Quarteto em Cy
Rosa Passos
Renata Rosa
Rita Ribeiro (bem alto)
Roberto Menescal
Roberta Sá
Raiz do Sana
Selma do Coco
Sueli Costa
O Teatro Mágico
Tribalistas
Tom Jobim
Teresa Cristina (bem alto)
Tribo de Jah
Tim Maia
Uakiti
Vanessa da Mata (bem alto)
Zé Ramalho
Zeca Pagodinho

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Vovó Alaíde



Ontem foi o aniversário da minha avó amada e querida do coração: Vovó Alaíde
E revirando recentemente alguns arquivos, encontrei uma carta que lhe entreguei em 2001, quando ela ficou internada com problemas de pressão sanguínea.
Resolvi publicar a carta hoje (com algumas modificações e correções) em sua homenagem.
E a carta é esta:

Vovó Alaíde,

Tenho orgulho de ter a senhora como avó
Porque, ao longo desses anos todos, me mostraste o quanto és especial para mim
E tenho certeza que para todos nós também
Mas não é simplesmente especial, faz parte da minha vida de forma inigualável
Porque foi a senhora que conseguiu sugar o que sufocava o meu nariz
E porque eu comia a sua comidinha antes de ir para o Pericar
Lembra, Vó?
Cocó, caldinho de feijão, ovo mexido
Suquinho de manga
E fazia chazinho de Santa Maria para mim
Lembra, Vó?
E quantas vezes cheguei à sua casa correndo e lhe tomei a bênção?
"A bênça, Vó Ide!"
Hoje, quando chego, te beijo, te abraço e digo:
"Abraça mais forte, pô!"
Talvez seja medo de perde-la
Porque me orgulho tanto da senhora, porque és muito importante para mim, te amo e preciso de ti
E teve aquela vez em que a senhora foi me ver em Brasília
E porque, lá, eu quis dormir ao seu lado
E não quero sair dele nunca mais
Porque eu te amo
E porque sei que tu também me amas
Porque nos recebeste em sua casaquando voltamos de Brasília
E porque rezávamos antes de irmos dormir
Lembra, Vó?
"O Senhor é o meu pastor e nada nos faltará. Senhor, abençoai este sono que vamos dormir. Amém."
Porque repetíamos isto todas as noites
E porque disto eu nunca vou me esquecer
A senhora já tentou contar quantas vezes dormimos no mesmo quarto?
Incontáveis vezes
Conversávamos juntos até o sono chegar, sonhávamos juntos
Até a ponto de um chegar a sonhar com o outro
Lembra, Vó?
E é justamente isso que nos aproxima cada vez mais
Porque a senhora é muito importante para mim
E porque me ensinou a orar e a louvar
Lembra, Vó?
"Porque Ele vive posso crer no amanhã. Porque Ele vive temor não há."
"Quando Deus fizer chamada eu lá estarei."
"Glória! Glória! Aleluia! Vencendo vem Jesus."
E isso me faz acreditar em Deus e amentar, a cada dia, a minha fé
Porque me passaste alegria e felicidade tantas vezes
E hoje, estou indo à Igreja
E oro pedindo a Deus pela recuperação da senhora
E tenho fé em Deus que a senhora sairá dessa situação em que se encontra
Porque a senhora é uma mulher muito forte
E porque choramos e rimos juntos
Lembra, Vó?
A senhora me abraçou e me acolheu em todas as vezes em que eu chorei
E porque a senhora estava comigo enquanto meu pai e minha mãe não se resolviam
E, às vezes, chorou junto comigo
E também chorou quando leu a carta de desculpa que eu enviei para eles
E, a cada dia que passa, tenho mais orgulho da senhora
Porque tu venceste e ainda vence todos os obstáculos que a vida lhe impõe
E eu me lembro das histórias que me contavas
Lembra, Vó?
É claro que a senhora se lembra de tudo isso
Assim como eu também me lembro
E para sempre me lembrarei de todas essas coisas
Porque é impossível deixar de te amar
Porque eu te amo pra sempre

01/12/2001

sábado, 8 de agosto de 2009

Maneiras Carinhosas

Bichaninho
Bichano
Bichim
Bichimp
Bichinho
Bichosinho
Bichoso
Bithinho
Champ
Chaninho
Chano
Chano Bichano
Chimango
Chimanguinho
Chimp
Chimp Champ
Chimpango
Chinchilo
Chinho
Chino
Chino Bichino
Chipango
Chomp Chimp
Crash Bandcot
Cucuruto
Doguinho
É só um meninhu
Então fuça!
Errrrr...
Fuçadinho
Fuçado
Fuçandinho
Fuçaninho
Fuçano
Fucinho
Fucinho de Bichinho
Fuçosinho
Fuçoso
Gatinho
Ild, xin!
Jubichinho
Magrelinho
Mataco
Mataquinho
Meninhu
Óia, gente!
Ôôôôi
Pango
Panguinho
Periquitinho
Pi
Pichimp
Pichinho
Porquinho
Priquitinho
TE AGO, THI AMO
Thi
Thi, amo-te!
Thibichinho
Thichaninho
Thichano
Thichimp
Thimp
Thimpango
Thimpanguinho
Thinho
Thizinho
Tuelho
Tuelinho
Um Fucinho é pra fuçar
Xichinho
Xin

terça-feira, 28 de julho de 2009

Como se ela fosse, agora, a minha mão


Deitada na sua cama, antes de dormir.
Você se lembra dos momentos de nós dois.
E desliza a sua mão
Pelo seu corpo como se ela fosse, agora, a minha mão.
E passa a lembrar de como era bom.
Ter todos os carinhos que trocamos e a sensação
De que você sente prazer com o simples toque da minha mão.
Seu pensamento viaja até a minha casa.
E, mentalmente, você me encontra deitado em minha cama.
Eu estou deslizando a minha mão pelo meu corpo
Como se ela fosse, agora, a sua mão.

Mas o que você não sabe e nem pode imaginar
É que agora eu estou mesmo deitado em minha cama.
E, antes de dormir, me lembro dos momentos carinhosos de nós dois.
Então, suavemente, eu deslizo a minha mão
Pelo meu corpo como se ela fosse, agora, a sua mão.
Eu vou imaginando como era bom.
Ter todos os carinhos que trocamos e a sensação
De que eu sinto prazer com o leve toque da sua mão.
E então, meu pensamento viaja até a sua casa
E minha imaginação a encontra deitada em sua cama.
Você desliza a sua mão pelo seu corpo como se ela fosse, agora, a minha mão.

Mas o que eu não sei e nem posso imaginar
É que você realmente está deitada em sua cama.
E que, antes de dormir, você relembra dos momentos carinhosos de nós dois.
E desliza a sua mão pelo seu corpo como se ela fosse, agora, a minha mão.

T_ E _ L _ E _ P _ A _ T _ I _ C _ A _ M _ E _ N _ T _ E

domingo, 26 de julho de 2009

Agradecimento aos santos e orixás

"Quando eu não era ninguém, era vento, terra e água.
Elementos em amálgama no coração de Olorum."
Jorge Pontual


Agradeço à incomparável Senhora da Conceição Aparecida, Mãe de Deus e nossa, por todas as graças conquistadas. Sei que estás sempre comigo, protegendo a mim e a minha mãe, enquanto guarda o nosso lar. Deixando do lado de fora da casa todos os males que possam vir nos flagelar. Obrigado por nos proteger a cada dia, tornando-nos seres que prezamos pela virtude, pela ética e pelo eterno amor ao próximo. Assim como nos ensinou vosso filho, o Nosso Senhor, Jesus Cristo, que derramou na cruz seu preciosíssimo sangue para nos salvar. Agradeço-te e peço-te para que possamos sempre ver, amar e gozar na eterna glória, por todos os séculos.

Agradeço ao invencível e poderosíssimo Santo Guerreiro, São Jorge - Ogum. Que traz em seu rosto a esperança e a confiança, e que abre os meus caminhos. Porque estarei eternamente vestido e armado com as tuas armas, meu São Jorge. Para que os meus inimigos tenham pés, mas não me alcancem. Tenham mãos e não me peguem. Tenham olhos e não me enxerguem. E que nem pensamentos eles possam ter para me causar o mal. Sei que, vestido com tua armadura, as armas de fogo não alcançarão o meu frágil corpo. Facas e lanças atiradas contra mim se quebrarão sem o meu corpo tocar. Cordas e correntes arrebentar-se-ão sem o meu corpo amarrar. E quero pedir humildemente para que sempre me protejas da inveja alheia, estendendo sobre mim o teu escudo e defendendo-me com a tua força e grandeza. Obrigado por fazer com que nada de ruim me atinja. E que tu continues me estimulando com coragem e esperança, fortalecendo, assim, a minha fé a cada dia.

Agradeço à queridíssima Senhora de Todos os Raios, minha Santa Bárbara - Iansã. Por sentir-me acolhido e protegido quando no céu relampeia e quando teu clarão me ilumina. E, dessa forma, sei que para mim não haverá trevas ou escuridão. Dê-me a coragem dos teus relâmpagos para desbravar as tempestades da vida, e que a minha voz tenha a autoridade dos teus trovões. Por ser a deusa dos relâmpagos, estarei sempre ao teu lado, como era no princípio e também será no fim. Eparrê Oiá! Iansã.

Agradeço também ao bondoso Santo Antônio por todos os verdadeiros amores que pude experimentar. Peço-te para que me livre das pessoas que de mim se aproximarem com más intenções. E que aquelas que queiram brincar com os meus sentimentos, me iludindo com falsas paixões, passem bem distante do lugar onde eu estiver.

Agradeço à belíssima Mamãe Oxum pelas águas que bebo, pelas águas onde me banho e nas quais me purifico. Porque, desta forma, me torno um homem renovado a cada dia. E também dizer-te que viverás eternamente na fonte de cachoeira limpa e cristalina que brota dentro de mim. Ora Ieieu, Mamãe Oxum.

Agradeço ao adorado São Gonçalo do Amarante por acompanhar diariamente este povo tão sofrido de minha cidade cujo nome lhe honra homenagem. Peço-te para que amenize as dores de nossa gente tão humilde e sofrida, fazendo-nos ter mais esperança e força para enfrentar as mazelas que nos rodeiam.

Agradeço também ao glorioso São Sebastião da cidade do Rio de Janeiro. Obrigado por me ensinar a caçar apenas aquilo que irei comer, assim como faz Oxóssi. Agradecido pelo alimento diário que não me falta, peço-te para que nunca me falte aquilo que humildemente necessito para sobreviver. Que eu possa sempre recolher saborosos frutos das árvores fartas semeadas dentro de mim. Que Oxóssi, Cabocla Jurema e todo o povo da mata me protejam e me abençoem sempre porque sinto que as florestas são o meu lugar. Montado num cavalo e com um arco e flecha na mão, eu apenas agradeço. Okê Arô, Oxóssi.

Agradeço a São Cosme, São Damião e Doum por cuidarem tão bem desta criança que sempre fui. Peço-vos para que eu nunca perca a alegria da minha infância.

Agradeço à Mãe D'água e Rainha do Mar, Dona Yemanjá. Peço-te para que, assim como no reveillon e no Dia Dois de Fevereiro, esteja sempre com o teu povo praieiro. Queridíssima Sereia, obrigado por se importar conosco e por me ensinar o valor da música, que me traz tanta alegria. Odoyá!

Agradeço ao Nosso Senhor Jesus Cristo por me ensinar o que é o amor. Seu sagrado sangue derramado na cruz mostra-nos a obediência absoluta a Deus e nos traz a salvação e a paz suprema. Obrigado por me ensinar a amar o meu próximo e por fazer com que eu me enxergue nele. Porque sei que o outro tambám sou eu e. E não há diferença entre mim e ele.

Pai Nosso que estás no céu, santificado seja o vosso nome. Venha a nós, ao vosso reino. Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres. Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores. Agora e na hora de nossa morte. Amém.






Apenas agradeço-vos por me iluminarem a cada dia.

Amém. E Saravá!

domingo, 19 de julho de 2009

Pra quê?

Deitar bem agarrado, sentindo o cheiro da pessoa amada até pegar no sono. Pra quê?

Pra quê?
Tremer quando chega ao lado da pessoa amada e fazê-la tremer com um simples toque de pele. Pra quê?

Pra quê?
Mentir no trabalho para ficar mais próximo de quem se ama. Pra quê?

Pra quê?
Andar de mãos dadas na rua, abraçar e beijar quem você sempre quis, sem se importar com quem está vendo. Pra quê?

Pra quê?
Tomar tantos banhos juntos e fazer questão de ensaboar cada parte do corpo do outro e depois fazer questão de enxugá-lo. Pra quê?

Pra quê?
Ser companheiro, ser amigo, ter carinho e ter respeito, e ter a certeza de que recebe tudo isso em troca. Pra quê?

Pra quê?
Conhecer tantas montanhas, tantas matas, praias e cachoeiras e ter a certeza de que Deus fez tudo aquilo para acolher o nosso amor. Pra quê?

Pra quê?
Trocar milhares de telefonemas, tantas cartas, tantos torpedos, tantos bilhetes, tantos beijos, tantas risadas e tantos "eu te amo". Pra quê?

Pra quê?
Assistir o show da Maria Bethânia, ver tantos filmes, ler tantas poesias e descobrir tantas coisas juntos. Pra quê?

Pra quê?
Transar com todo o desejo que já existiu, proporcionando à pessoa amada todo o carinho que ela merece. Pra quê?

Pra quê?
Conversar sobre qualquer coisa e ter a conciência de que o outro está falando a mesma língua que você. Pra quê?

Pra quê?
Sentir-se especial para alguém e saber que você estará para sempre eternizado dentro dele. Pra quê?

Pra quê?
Encontrar no outro uma saída, um refúgio no meio de tanta loucura, desespero e cansaço do dia-a-dia. Pra quê?

Pra quê?
Saber que existe alguém que pensa em você todos os dias e que, mesmo distante, se preocupa com você. Pra quê?

Pra quê?
Saber que tem alguém que não se importa se você é o mais bonito, o mais forte, o mais inteligente ou o mais rico, porque ele só faz questão de estar ao seu lado. Pra quê?

Pra quê?
Aprender a viver com o outro, espelhando-se no outro e erguendo-se juntamente com o outro. Pra quê?

Pra quê?
Dar sentido à grande aventura que é viver com alguém que está disposto a sempre lhe fazer feliz e que, ao mesmo tempo, é a pessoa mais feliz do mundo porque está ao seu lado. Pra quê?

Pra quê?
Conhecer o sabor dos dias de chuva; dos beijos de bom dia seguidos de um rouco, porém sincero, "eu te amo"; dos abraços calorosos; dos conselhos chatos, porém pertinentes; das risadas espontâneas; dos encontros tão esperados; dos infindáveis bilhetes espalhados pela casa; de todas as lágrimas sinceras derramadas e dos planos para o futuro. Pra quê?

Pra que era tudo aquilo? Pra quê?
Pra que tentarmos inutilmente colocar tudo o que vivemos dentro de uma caixa se sabemos que não vai caber?
Pra quê?

domingo, 12 de julho de 2009

Minha Infância

Já começo dizendo que sou pobre, pobre, pobre de marré, marré, marré. Eu sou pobre, pobre, pobre de marré-de-cy. E como todo menino pobre de São Gonçalo, eu brinco com os pés descalços na rua e no quintal com tudo aquilo que vou encontrando pelo caminho. O fato de eu ser um menino magro, descalço e com o peito nu, não faz de mim um garoto fraco. Muito pelo contrário. Eu brinco pisando com os pés descalços na mesma terra de onde brotam espadas-de-São-Jorge e Comigo-Ninguém-Pode. E eu me sinto um super-herói, apesar de ser uma criança como qualquer outra.

O meu maior desejo é subir na mangueira junto com a gata Xuxa, que é da minha avó. Mas como ainda sou muito pequeno e só tenho três aninhos, eu vejo as crianças mais velhas em cima da árvore e me imagino lá no alto daqui há uns anos. Enquanto não fico grande pra poder subir na árvore, eu pego um Playmobil e invento que ele sou eu e o coloco escalando uma planta qualquer. Quando crescer, a coisa que mais vou gostar de fazer será subir em árvores.

Continuo brincando entre Playmobil e plantas até que um beija-flor beija uma flor amarela que está bem em cima de mim. O pássaro mais legal que tem é o beija-flor porque ele fica parado no ar. Eu me distraio olhando o beija-flor até que Vovó Alaíde me chama pra beber Ki-suco e comer um pedaço de bolo que Tia Moreninha fez.
Como e bebo bem rapidinho e torno a brincar. Quer coisa mais legal que brincar? Como não tenho muitos brinquedos, eu abro a cristaleira velha de Vovó Alaíde com a alegria de quem descobre um baú de tesouros. Lá dentro tem um monte de coisas legais: carretel de linha verde, dados, broches, bolas de gude, fichas da Telerj, frasco vazio de perfume. Tudo serve pra brincadeira.

Depois eu volto pro jardim. Estou organizando uma corrida de caracóis. Vou catando cada um que encontro pelo caminho e os guardo dentro de uma caixinha de fósforos. Os caracóis andam muito devagar. Eu, não. Adoro correr no quintal e na rua. Às vezes eu corro tanto que chego a cair e machucar o joelho.
Quando me machuco, o choro é mais pra chamar atenção do que pela própria dor. Minha infância nunca tem dores. Mesmo quando alguma parte do meu corpo dói, minha Mãe me leva numa rezadeira aqui perto e ela dá um jeito.

Às vezes, quando eu apronto, faço pirraça e malcriação, Vovó Alaíde me dá correadas merecidas. Mas nem dói porque eu me enfio debaixo das cobertas e fico rindo. Mas quando ela me tranca no quarto, eu não gosto. Simplesmente fecho a cara e fico choramingando pela casa. Mesmo assim, tudo é brincadeira. Não demora muito pra que eu me esqueça das correadas e vá colar figurinhas no álbum usando arroz cozido feitos pela minha avó.

Vestindo apenas bermuda, estou sempre brincando no quintal com os meus bonecos dos Smurfs e do Topo Gigio. Até que chega um amigo chamando pra brincar na rua. Eu vou. Não sou de ficar pensando se devo ou não fazer algo. Ou faço logo, ou então não faço! Como numa vez que achei um boneco azul dos ursinhos carinhosos que não era meu. Não pensei duas ezes e cortei o cabelo dele só pra ver se ia crescer de novo.

Vontade de fazer xixi. Deve ter sido o Ki-suco. Só faço xixi embaixo da árvore porque acho que faz bem pra ela. Depois eu rodo um pião que ganhei na festa de São Cosme e São Damião. Também ganhei suspiro, doce de amendoim, cocada e jujuba. A vermelha é a mais gostosa.

Vovó Alaíde está na cozinha fazendo o almoço enquanto escuta a rádio-relógio. Minha Mãe está no quintal estendendo a roupa no varal. Eu acabei de ir até a cozinha e pegar uma caixa de fósforo. Quero fazer a mesma coisa que vi um adulto fazer. Risco o palito na caixinha e num instante sai fogo. Acabei de queimar o dedo e começo a chorar. Minha Mãe ouve o meu choro e vem correndo ver o que aconteceu. Depois de contar a ela o que fiz, minha Mãe me deu um beijo no dedo e me disse q a dor já tinha passado. E não é que passou mesmo! Minha Mãe sabe das coisas. Fui até o jardim, peguei uma flor, prendi no cabelo dela e dei-lhe um beijo na bochecha. Agoras ela acabou de colocar o LP do Tim Maia e está arrumando a sala. Eu estou sentado no chão que nem índio e a observo cantar. Minha Mãe é a mulher mais linda!

Daída chega e nós fazemos uma aranha cortando em tiras um frasco de desodorante e penduramos com uma linha pela janela para assustar as pessoas que passam na rua. A gente ri um bocado. Eu adoro fazer essas coisas. Adoro brincar. Adoro bichos. Eu tenho uma tartaruguinha, e gosto de brincar com ela. Também ganhei um pintinho numa vez que saí pra passear. E teve uma vez que eu achei uma joaninha e a coloquei dentro de um buraco num dos tijolos da parede da minha casa pra que também lhe servisse de casa.

Já é hora de tomar banho naquele banheiro perto da área. Aquela área me dá um pouco de medo porque foi lá que mataram um porco uma vez. Vovó Alaíde lava roupa no tanque aqui ao lado enquanto canta: "Porque Ele vive posso crer no amanhã. Porque Ele vive, temor não há. Pois eu sei que a minha vida está nas mãos do meu Jesus que vivo está". Eu demoro pra entrar debaixo d'água porque ela é muito fria. Minha avó me ensina uma reza pra fazer antes de entrar debaixo d'água: "Água fria, correntia. Corre de noite, corre de dia. Quando nasceu Jesus Cristo, filho da Virgem Maria. Livrai-me de frio, febre, todas dores e agonia". E como sou um menino muito corajoso e tomo banho pulando por causa da água gelada. E não posso esquecer de arregaçar e lavar bem a cabecinha do piru. Ainda não sei porquê.

Minha Mãe me enxuga com uma toalha e me veste com o uniforme do Externato Pericar. Agora é a hora do papá. Hoje tem a comida que eu mais gosto: arroz, caldinho de feijão e cocó. Pra beber tem suquinho de caju. Oba! Enquanto almoço, a gata costura entre as minhas pernas esperando que eu lhe jogue um pedacinho de frango. De vez em quando, eu jogo. Depois vem a sobremesa: Gelatina do Bocão Royal.

Hora de ir pra escola. Como é aqui perto, vou andando com minha Mãe até lá. No meio do caminho, eu paro e arranco uma flor pra levar pra Tia Madalena. Olho para o céu. Vejo algumas nuvens e alguns urubus. Pergunto: "Urubu, hoje vai chover?". Acho que ele disse que vai. Urubu é legal. Ele voa muito, muito, muito alto. Bem diferente do beija-flor, ele vai perto das nuvens. As pessoas querem me enganar dizendo que as nuvens são feitas de algodão. Eu já tô bem grandinho e sei que isso é uma grande mentira. Eu sei que elas são feitas de algodão-doce. Porque quem viaja de avião e sentir fome é só colocar o braço pro lado de fora e arrancar um pedaço da nuvem pra comer. Minha Mãe me garantiu que é verdade.

Na porta da escola, tem sempre um velhinho com uma barraquinha vendendo doces. Eu não gosto muito do pirulito do Zorro porque agarra nos dentes. Eu prefiro as tirinhas de bala Klep's.

Eu gosto de ir pra escola, mas tem criança que não gosta. Elas choram quando chegam lá. Eu acho que minha mãe queria que eu chorasse também. Eu não entendo. Mas toda fez que entro na escola carregando minha mochilinha e minha lancheira e olho pra trás, minha Mãe está com cara de choro. Não sei porquê ela faz isso. Acho que ela fica esperando pra ver se eu vou chorar. É quando eu olho pra ela e digo: "Pode ir embora, Mãe. Tchau!".

Eu gosto da escola porque lá no jardim de infância eu faço de tudo. Eu desenho, pinto, faço um colar usando macarrão e barbante pra mamãe depois usar, faço um bonequinho com massa de modelar. É bem legal. Não sei porquê tem gente que chora quando chega na escola se lá a gente só faz coisa legal.

"Ciranda, cirandinha. Vamos todos cirandar. Vamos dar a meia-volta. Volta-e-meia vamos dar". Eba! Hora do Recreio!! A hora do recreio é a hora mais legal. Só não foi legal quando Paulo Roberto pegou uma lagarta e queimou a mão. Nesse dia, eu fiquei muito assustado e senti dó dele.

No recreio, eu abro a lancheira e costumo comer Mirabel e beber Toddynho. Também brinco de Chicotinho Queimado. Eu adoro. "Chicotinho queimado é muito bom. Quem olhar pra trás leva um beliscão. Também adoro brincar de pique. Pique-pega, pique-alto, pique-esconde, pique-correntinha. Às vezes eu corro tanto que acabo caindo e ralando meus joelhos. Mas hoje não deu pra brincar no pátio porque choveu. Eu adoro quando chove e eu estou na escola. Porque minha Mãe vem me buscar com o guarda-chuva e nós voltamos pra casa bem agarradinhos pra chuva não nos molhar.

Enfim, sempre tem histórias legais da escola pra contar. Como numa vez em que eu fiquei triste na hora do recreio porque não tinha com quem brincar. Então, eu me sentei numa escada e fiquei lá, bem triste. Mas aí, Bianca, Lorena e Maycon, dentre outros alunos, vieram falar que eles eram meus amigos e pra eu não ficar sozinho e ir brincar com eles.

Mas, de todas as histórias da escola, a melhor, indiscutivelmente, é a do meu primeiro dia de aula. Quando minha mãe foi me buscar, no final da tarde, a diretora, Dona Jael, lhe chamou pra conversar. Minha Mãe ficou assustada, pois era o meu primeiro dia de aula no jardim de infância, e, ela temia o pior. A diretora contou pra minha Mãe que havia me perguntado se eu tinha ido à escola naquele dia pra brincar com as outras crianças. E eu respondi a ela que não. Respondi à diretora que eu tinha ido pra escola pra aprender o A-E-I-O-U. Minha Mãe ficou surpresa quando ouviu isso. Eu não sei o porquê. Não foi pra isso mesmo que ela me colocou na escola? Então, eu queria aprender logo.

A minha vontade de aprender a ler e começar logo a escrever sempre foi muito grande. Todo mundo percebia isso. Como numa vez, ainda com três aninhos, em que nós fomos à casa de uma amiga chamada Heloísa. Chegando lá, eu pedi um papel e uma caneta e, em seguida, escrevi a palavra MAUÁ. Minha Mãe e Heloísa ficaram espantadas porque eu não estava na Alfabetização e nunca ninguém havia me ensinado a escrever nem uma letra sequer. Minha Mãe, na hora, ficou toda arrepiada. Elas me perguntaram onde foi que eu aprendi a escrever aquilo. Então, eu respondi que vi aquela palavra escrita num ônibus a caminho da casa de Heloísa. E, chegando lá, foi só desenhar as letras num papel.

Quando eu volto pra casa, torno a brincar na rua. Corro descalço, junto areia com os pés. Eu adoro brincar de me sujar. Como numa vez no Carnaval, ainda com três aninhos, eu, Maycon, Thiago e Dyego pintamos nossos corpos com carvão e, vestindo roupas rasgadas, saímos no Bloco do Goroeste lá na rua mesmo. Eu tambémo jogo futebol, pulo oito casas da amarelinha até chegar no céu, jogo bola de gude, pulo corda, bebo café-com-leite que Tia Dite fez, peço pra alguém queimar barbantinho cheiroso na varanda pra mim, e me distraio vendo as figuras de um livrinho da Turma do Lambe-Lambe.

Vou à cozinha e vejo Vovó Alaíde preparando o café com um coador de pano. Ela me ensina a comer ovo do jeito que Colombo gostava: cozido e com sal. É uma delícia. Ela também me oferece chazinho de Santa Maria feito com galhinhos e folhas retirados do quintal. Eu adoro o chá de Santa Maria, portanto, eu sempre quero.

De volta ao quintal, tem a brincadeira de passar o anel. Tem que adivinhar na mão de quem que tá o anel. É legal. "O anel que tu me deste era vidro e se quebrou. O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou".

Volta a chover. Brinco que meu primo Dyego está doente. Ele se deita num sofá na varanda. Eu recolho água da chuva num copinho, invento que é um remédio e lhe dou para beber.

Já é de noitinha. Ainda chove. Estou no quarto, com as luzes apagadas, brincando de cabra-cega com Thiago, Dyego e Rosana e Daída. Tá chovendo lá fora. Começa a dar trovoadas e nós paramos de brincar. Eu tenho medo das trovoadas. Eu acho que Papai-do-céu tá brigando.

Na cozinha, ainda com cheiro de café, Vovô Peixoto entra sem acender a luz e eu vou seguindo. Ele coloca café no seu copo mais açúcar. Eu lhe peço a bênção: "A bênça, Vovô Peixoto!" Depois que eu lhe beijo a mão, ele diz: "Deus te abençõe, Cabeça de boi." Depois ele vai pra varanda e eu vou atrás. Ele acende um cigarro e eu brinco de espalhar a fumaça. Alguém grita pra que eu saia de perto da fumaça do cigarro. Não sei o porquê. Então eu entro e fecho o trinco da porta.

Vou até a sala. Gosto de ver televisão. Já sei até ligar. Primeiro tem que girar o botão e depois mexer com o Bom-Bril na ponta da antena pra que a imagem, em preto e branco, fique sem chuviscos.

Quando não está chovendo à noite, eu costumo ver balões no céu e depois de apontar-lhe o dedo dizendo "Primeiro mestre, licença!", eu costumo cantar: "Cai, cai balão. Cai, cai balão. Aqui na minha mão. Não vou lá, não vou lá, não vou lá. Tenho medo de apanhar."

Hora de dormir. Eu, Thiago, Dyego e Vovó Alaíde vamos todos pro quarto. Nós ficamos deitados nas camas conversando com a luz apagada e a claridade que vem do lado de fora da janela. Como o sono não vem facilmente, Vovó Alaíde começa a cantar baixinho: "Dorme, neném. Que a Cuca vem pegar. Papai foi pra roça. Mamãe, pro cafezal." Seguida de: "Boi, boi, boi. Boi da cara preta. Pega o Juninho que tem medo de careta." Só que ninguém dorme tão fácil.

Então, Vovó Alaíde fala pra ficarmos calados e sem darmos um "piu". Até que alguém fala "Piu". Todo mundo ri. Thiago fala: "A vaca amarela cagou na panela. Quem falar primeiro, come todo o cocô dela." Alguém se esquece e fala alguma coisa. Todo mundo ri de novo. Até que Vovó Alaíde pede silêncio e começa a rezar, pois lá fora o galo já dá suas primeiras cocorocadas. Então, minha avó pede pra nós repetirmos junto com ela: "O Senhor é o meu pastor e nada nos faltará. Senhor, abençoai este sono que vamos dormir. Amém, Jesus." Todo mundo fica em silêncio e respeita o menino Jesus. É quando, abençoados por Ele, todos nós pegamos no sono. Inclusive eu. Nesta noite, certamente sonharei que estou voando. Nas alturas como um urubu, mas com a leveza de um beija-flor.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Homenagem à Monique Guedes


Tem alguns professores que não esquecemos nunca. Como a Tia Madalena do jardim de infância, a Tia Márcia da Alfabetização ou a Tia Lourdes da Catequese. Enfim, todos os professores são importantes.
Mas eu tive uma professora em especial por quem serei eternamente grato. Eu cursava Letras na Universidade Estácio de Sá e tive aulas de Psicologia da Educação, Cultura Clássica e Filosofia Poética e Estética com esta professora. Ela se chama Monique Guedes.
Além de me ensinar o que era exigido em sala de aula, ela foi além. Monique, além de minha professora, foi minha amiga e me apresentou coisas importantes na minha vida como alguns diretores de filmes como Stanley Kubrick, Luís Buñuel e Lars von Trier; alguns dos principais filósofos como Platão, Hegel e Nietzsche; além de Mitologia Grega; Ópera; Música Erudita (Häendel), dentre outras coisas numa lista infindável que aprendi com ela.
Depois de quatro anos sem termos qualquer tipo de comunicação com Monique, que estava em São Paulo, resolvi, no início de 2009, enviar-lhe um e-mail informando sobre o meu ingresso na universidade Federal Fluminense. E é maravilhoso perceber que, apesar da distância, ainda somos amigos. Pois é para se considerar amigo aquela pessoa que sente-se feliz com a felicidade do outro.
Hoje é o dia do aniversário de Monique Guedes e venho aqui prestar-lhe esta modesta homenagem. Apesar de ter sido ela mesma quem me disse que o tempo, como bem o conhecemos, é uma invenção do homem, podendo hoje não ser o dia do seu aniversário. Por todos estes questionamentos que se instalaram em meu pensamento, eu lhe agradeço, Monique.
E dizer-lhe que independentemente de data ou distância, você terá sempre uma fundamental importância em minha vida, sendo como uma espécie de divisor de águas. Graças a você e as suas aulas, eu saí de dentro da CAVERNA da alegoria de Platão.
Portanto, desejo-lhe eternamente toda a felicidade que você realmente merece. Fiz esta imagem acima chamada "Monique no Rio" para que venha para cá, pois quero ansiosamente contar-lhe as novidades.
Com todo a gratidão, amor, carinho e respeito que um aluno deve ter para com seu verdadeiro MESTRE, eu lhe agradeço.
Mil Felicidades hoje e sempre,
Jurdiney Junior

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O Dia em que Y = Matei o X da Questão

| Y = Eu
| X = Relacionou-se por muito tempo comigo

| Até que X = conheceu W
| Então, X = abandonou Y + passou a relacionar-se com W

| Y + cansaço de tanto sofrer = conheci A
| X + tentativa inútil de esquecer alguém usando outra pessoa = ilusão de W

| A = pediu Y em namoro
| Enquanto, X = vivia uma ilusão com W

| Y + carência = aceitei a namorar com A
| Então, X = soube que A + Y namorávamos

| X + W = perceberam que não dariam certo juntos
| Logo, X + W = separaram-se

| X + medo de ficar sozinho = soube que Y estava namorando e quis voltar para mim
| Tal que, Y + ainda gostar de X = também quis voltar para X

| Então, Y = abandonei A + voltei a me relacionar com X
| Enquanto A = relacionou-se com B + relacionou-se com C + relacionou-se com D + ...

| Depois de um longo tempo em que X + Y = voltamos a nos relacionar
| X = enjoou-se de mim novamente + me abandonou

| Hoje, X pensa que Y = Zero
| Então, sem + nem -, X = Simplesmente me subtrai de seu Conjunto de Emoções

| Y = percebi que X não vale a pena, pois havia calculado premeditadamente toda esta equação
| Logo, Y = prometi para mim mesmo que, ao contrário do que pretendia X, não serei mais um elemento insignificante desta progressão geométrica friamente arquitetada por X

Solução do Problema: Y = matei o X da questão

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Eles não sabem de nada

Tem gente que acha que sorrir é ser feliz.
Tem gente que acha que apenas chora-se de tristeza.
Tem gente que acha que só se canta de alegria.
Tem gente que acha que no tempo ruim não é necessário dar Bom Dia.
Tem gente que acha que dia é o contrário de noite.
Tem gente que prefere sair à noite para uma boate a ter que ir para a casa da pessoa amada.
Tem gente que acha que dar amor é dar esmola.
Tem gente que acha que todo morador de rua é mendigo.
Tem gente que acha que mendigo não é nada.
Tem gente que acha que ter sucesso é ter dinheiro.
Tem gente que acha que Ter é melhor que Ser.
Tem gente que acha que ser gay é ser promíscuo.
Tem gente que acha o sexo bom sem saber que sexo combinado com amor é muito melhor.
Tem gente que acha que veio de uma cegonha.
Tem gente que acha que pedir perdão é uma grande vergonha.
Tem gente que acha que sem-vergonha é pecador.
Tem gente que acha que o hábito faz o monge.
Tem gente que acha que padre não tem pecado.
Tem gente que acha que padre é compadre.
Tem gente que acha que todo compadre é padrinho.
Tem gente que acha que padrinho é pai.
Tem gente que acha que ter pai é ter proteção.
Tem gente que acha que amor de mãe tem fim.
Tem gente que acha que todo idoso é velho.
Tem gente que acha que criança não entende nada.
Tem gente que acha que ter cachorro é como ter filho.
Tem gente que acha que filho é descartável.
Tem gente que acha que o copo descartável é melhor que copo de vidro.
Tem gente que acha que os danos à Natureza são reparáveis.
Tem gente que acha que dinheiro é que nem capim.
Tem gente que acha que dinheiro dá em árvore.
Tem gente que acha que árvore é poste.
Tem gente que acha que poste é banheiro.
Tem gente que acha que o banheiro não purifica.
Tem gente que acha que santuário é oratório.
Tem gente que acha que santidade é virgindade.
Tem gente que acha que virgindade é cafonice.
Tem gente que acha que orgasmo é ejaculação.
Tem gente que acha que puberdade é só masturbação.
Tem gente que acha que masturbação é sinônimo de solidão.
Tem gente que acha que solidão é não ter ninguém.
Tem gente que acha que ter alguém é ser correspondido.
Tem gente que acha que é fácil ser correspondido quando ama.
Tem gente que acha que o amor é para os fracos.
Tem gente que acha que ser forte é ter músculos.
Tem gente que acha que qualquer vídeo pode ser chamado de filme.
Tem gente que acha que música é qualquer barulho.
Tem gente que acha que a maconha é qualquer bagulho.
Tem gente que acha que remédio e veneno são coisas distintas.
Tem gente que acha que há alcólatras anônimos.
Tem gente que acha que existem paraísos e demônios.
Tem gente que acha que espíritos são fantasmas.
Tem gente que acha que mãe-de-santo sabe de todas as coisas.
Tem gente que acha que o amor pra vida inteira nunca é o atual.
Tem gente que acha que ex-namorado é apenas mais um pra coleção.
Tem gente que acha que colecionar trepadas é como colecionar amores.
Tem gente que acha que há amor sem dores.
Tem gente que acha que sofrer não é aprender.
Tem gente que acha que lugar de aprender é na escola.
Tem gente que acha que a vida não é uma graduação.
Tem gente que acha que racismo é segregação.
Tem gente que acha que humildade é humilhação.
Tem gente que acha que obediência é submissão.
Tem gente que acha que a prostituta não tem profissão.
Tem gente que acha que homossexualidade é opção.
Tem gente que acha que basta haver dois homens para que haja comparação.
Tem gente que acha que dois homens brigam quando um deles não quer.
Tem gente que acha que pode meter a colher em briga de marido e mulher.
Tem gente que acha que mulher é objeto.
Tem gente que acha que o pau estará para sempre ereto.
Tem gente que acha que não fomos macacos um dia.
Tem gente que acha que fucinho de porco é tomada.
Tem gente que acha que lágrimas de crocodilo convencem.
Tem gente que acha que do cavalo dado não se olham os dentes.
Tem gente que acha que amigos são parentes.
Tem gente que acha que amizade é redenção.
Tem gente que acha que religião é salvação.
Tem gente que acha que há amor sem companheirismo.
Tem gente que acha que três anos são como três dias.
Tem gente que acha que "eu te amo" é como vírgula.
Tem gente que acha que vírgula é travessão.
Tem gente que acha que travesti é aberração.
Tem gente que acha que quem fala demais tem sempre razão.
Tem gente que acha que todo sambista é folião.
Tem gente que acha que o tempo é um grande vilão.
Tem gente que acha que lembrança é pura imaginação.
Tem gente que acha que respeito é rejeição.
Tem gente que acha que solidariedade é um palavrão.
Tem gente que acha que amor ao próximo é complicação.
Tem gente que acha que a farinha tira o gosto do feijão.
Tem gente que acha que polícia não se confunde com ladrão.
Tem gente que acha que todo presídio é uma prisão.
Tem gente que acha que optar pela morte é a solução.
Tem gente que acha que Marte é muito distante daqui.
Tem gente que acha que a arte é uma grande besteira.
Tem gente que acha que toda poesia é chata.
Tem gente que acha que livro é só um monte de letras num monte de papel.
Tem gente que acha que um monte de papel é lixo.
Tem gente que acha que o lixo não polui.
Tem gente que acha que o lixo não vale nada.
Tem gente que acha que o lixo não pode virar luxo.
Tem gente que acha que tudo que reluz é ouro.
Tem gente que acha que o petróleo deve valer mais do que a água.
Tem gente que acha que pode dizer: "Desta água não beberei".
Tem gente que acha que a água não é capaz de furar uma pedra.
Tem gente que acha que uma pedra não é capaz de dividir um rio.
Tem gente que acha que é fácil nadar rio acima.
Tem gente que acha que pode cuspir para cima.
Tem gente que se acha no direito de usar os outros e depois joga-los fora.
Tem gente que acha que pode esconder por muito tempo aquilo que sente.
Tem gente que acha que pode esconder por muito tempo que nunca sentiu nada.
Tem gente que acha que mentira é coisa boa.
Tem gente que acha que todo sofrimento é coisa à toa.
Tem gente que acha que o amor não existe.
Tem gente que acha que tesão não pode junto com carinho.
Tem gente que acha que carinho é sinal de carência.
Tem gente que acha que carente é só quem está sozinho.
Tem gente que acha que sozinho pode mudar o mundo.
Tem gente que acha que o mundo é um lugar para poucos.
Tem gente que acha que o mundo é um lugar para os loucos.
Tem gente que acha que a loucura só está dentro do hospício.
Tem gente que acha que políticos são todos corruptos.
Tem gente que acha que o tráfico de drogas ainda tem jeito.
Tem gente que acha que casamento é monogamia.
Tem gente que acha que união estável é monotonia.
Tem gente que acha que a noiva precisa ter um véu.
Tem gente que acha que o céu é o limite.
Tem gente que acha que o homem ainda não pisou na Lua.
Tem gente que acha que Polo Sul é só geleira.
Tem gente que acha que relacionamento é brincadeira.
Tem gente que acha que quem está namorando está realmente acompanhado.
Tem gente que acha que ser fofoqueiro é ser popular.
Tem gente que acha que beleza é fundamental.
Tem gente que acha que é a mesma pessoa depois que começa a discutir.
Tem gente que acha que pode colher aquilo que nunca plantou.
Tem gente que acha que os amigos nunca irão abandonar.
Tem gente que acha que as aparências não enganam.
Tem gente que acha que ter amigos é melhor que ter um namorado.
Tem gente que acha que conseguirá viver um grande amor depois de me abandonar.

sábado, 30 de maio de 2009

Novo Homem

Como um homem se renova? Ele renova-se quando renova suas buscas. E é exatamente assim que estou me sentindo. Completamente Renovado. Não sou mais aquele que ficava até certo tempo atrás choramingando pelos cantos e dedicando-me à pessoas que não mereciam minha atenção.
Hoje tenho meus planos, meus sonhos, meus desejos, minhas vontades, minhas necessidades, minhas buscas, minhas metas, e por que não, até mesmo meus medos renovados. Sim. Porque até mesmo o meu medo mudou seu direcional. Se antes eu tinha medo de perder alguém, hoje tenho medo de não arriscar, medo de não inventar, medo de não inovar e medo de não me recriar a cada dia.
Mais maduro? Não sei. Apenas decidi que não vou me privar de fazer as coisas que gosto, com quem gosto, como eu gosto e em qualquer lugar do qual eu goste. Não considero isso sinal de maturidade, mas sim como endireitar o eixo que antes estava torto. Até certo tempo atrás eu não tinha um ideal. Ele havia se perdido devido à conturbações que só o amor nos permite experimentar.
Hoje estou mais disposto para despertar e aprender. Estou extremamente entusiasmado com as aulas e os novos amigos na escola de cinema CINEMA NOSSO, na Lapa. Sinto minha capacidade criativa e reflexiva fervilhar a cada dia. Quero me permitir a experimentar o novo. Quero ser ousado e arriscar. Esta semana, colocamos no You Tube um vídeo de quase 1 minuto realizado numa Oficina de Linguagem Cinematográfica. Vídeo este que resume o meu atual momento: novas buscas e novas descobertas.
Link: http://www.youtube.com/watch?v=udHhYCbOSv0
Hoje estou com o pés bem firmes ao chão. Pois antes, o estúpido amor não me fazia uma das coisas que eu jamais deveria ter deixado de fazer: Dedicar-me a mim mesmo.
O amor emburrece. O amor te cega e pode até apagar as suas metas. Isso porque quando amamos de verdade, agimos movidos pela emoção. Quando na verdade a razão é quem deve nos guiar.
Estou empolgadíssimo com as pessoas que estou conhecendo, as ideias que estou tendo, o conhecimento que estou adquirindo, a renovação das minhas buscas e ansioso com as coisas boas que estão por vir. Essas coisas nada mais são do que os bons frutos que sempre mereci colher das árvores que sempre plantei. As minhas árvores estão demorando a dar frutos, mais sei que estes serão os mais saboros possíves. À sombra dessas árvores e cheio de novos planos, eu me encontro. Ou até mesmo numa multidão a atravessar a Avenida Rio Branco. Hoje, simplesmente, eu consigo me encontrar. Em todos os lugares.
Vivo a vida com mais fôlego que nunca. Brindando às novas amizades e às conquistas que virão.
Pois, antes de tudo, sou um novo homem.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Não Quero Mais

Eu não quero mais alguém que demonstra-se incomodado quando recebe as minhas ligações.
Eu não quero mais gostar de alguém que não me procura.
Eu não quero mais ser apenas um conhecido para alguém que considero como sendo meu melhor amigo.
Eu não quero mais entregar o meu coração para alguém e, no dia seguinte, não receber nem um telefonema.
Eu não quero mais ficar recordando do nosso lindo passado a ninguém.
Eu não quero mais me sentir sozinho remando contra a maré.
Eu não quero mais dormir agarrado ao travesseiro pensando em alguém que não pensa mais em mim.
Eu não quero mais me sentir como um objeto esquecido na prateleira de ninguém.
Eu não quero mais morrer todos os dias.
Eu não quero mais parecer o último romântico.
Eu não quero mais ser um chato apaixonado.
Eu não quero mais ter a sensação de que estou namorando sozinho.
Eu não quero mais tentar tirar leite da pedra.
Eu não quero mais dar voltas em círculos sem chegar a lugar algum.
Eu não quero mais ter o desejo de beijar alguém, mas ter de me contentar em beijar a fotografia.
Eu não quero mais me sentir enrolado por ninguém.
Eu não quero mais chorar por alguém que nem sequer se habilita a enxugar minhas lágrimas.
Eu não quero mais dizer "eu te amo" para quem há muito tempo já não me diz.
Eu não quero mais desperdiçar as minhas preciosas lágrimas por alguém que não derrama uma lágrima sequer por mim.
Eu não quero mais ficar caminhando no escuro, procurando sozinho por uma luz que não se encontra no final de nenhum túnel.
Eu não quero mais ter alguém que não vem.
Eu não quero mais esperar, esperar e esperar.
Eu não quero ter mais sexo que carinho na balança do relacionamento.
Eu não quero mais me sentir sozinho na contramão de uma multidão.
Eu não quero mais me sentir como se fosse um brinquedinho de uma criança abandonado num canto qualquer.
Eu não quero mais implorar por um pouquinho de carinho, de atenção.
Eu não quero mais isso na minha vida.
Eu não quero mais isso pra mim.
Eu não quero mais isso.
Eu não quero mais.
Não quero mais.
Não quero!
Não.

Que seria se não fosse?

Que seria de Lá se não fosse a Lã?
Que seria da Rã se não fosse a Ré?
Que seria do Pé se não fosse o Pão?
Que seria do Não se não fosse o Nó?
Que seria do Só se não fosse o São?
Que seria do Vão se não fosse a Vó?
Que seria do Chá se não fosse o Chão?
Que seria do Cão se não fosse o Cu?
Que seria do Tô se não fosse o Tão?
Que seria do Fã se não fosse a Fé?
Que seria de Mim se não fosse a Mãe?

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Mamãe, Coragem!


Ontem foi o Dia das Mães.
Que dar de presente para a pessoa mais importante da minha vida??
Foi a pergunta que me fiz.
Difícil responder.
Resolvi fazer uma homenagem para a minha mãe de uma forma que há muito tempo já vinha planejando.
Algumas fotos, uma câmera filmadora na mão e ao fundo, a música "Mamãe, Coragem" de Caetano Veloso e Torquato Neto na voz de Gal Costa.
Lágrimas escorrem do meu rosto. Deus conspira a favor. Meu irmão chega em casa no momento certo e...
Sabe aqueles momentos em que você se sente especial para alguém?
Sabe aqueles momentos em que você percebe que faz sentido viver?
Sabe aquele momento em que você agradece por ser o que é e por ter ao seu redor as pessoas que ama?
Sabe quando você faz algo para fazer alguém feliz e consegue muito mais?
Sabe aquele momento em que você é a pessoa mais feliz do mundo?
Eu devo tudo isso à minha mãe!
Pela mulher guerreira, amiga, íntegra, sincera e honesta que é.
Por ter sido a pessoa que primeiro me mostrou o amor.
Por me ensinar a viver a cada dia.
E por fazer de mim um cidadão com o melhor presente que este pode ter:
Ter todos os dias a maior riqueza já encontrada: o amor de sua mãe!
Mãe, agradeço-te por tudo aquilo que me proporcionas e também por aquilo que não podes me proporcionar.
Você é a mulher mais linda do mundo porque Deus lhe deu um coração do tamanho do universo.
E para enfrentar as dificuldades do dia-a-dia, eu te peço:
Mamãe, Coragem!

terça-feira, 5 de maio de 2009

Adulto Criança


Quando eu era criança, queria ser adulto
Quando eu era adulto, queria ser criança

Foi preciso crescer para descobrir que ainda sou criança.
Ninguém nunca vira adulto. Ninguém jamais deixa de ser criança.

Qual é a criança que não sabe de nada?
Adulto é criança esticada

Qual é o adulto que está protegido?
Criança é adulto encolhido

segunda-feira, 4 de maio de 2009

In memoriam de T.

Quando eu tinha aproximadamente 13 anos, eu conheci T., que provavelmente deveria ter a mesma idade que eu, através de nossas mães que moravam em casas próximas. Lembro-me de poucas coisas daquela época, mas são sempre ótimas lembranças. Lembro-me das vezes em que T. ia até a casa da minha mãe. Ele era sempre muito engraçado. Lembro-me das vezes em que víamos musicais na TV. Ele começava a dançar enquanto eu, meu irmão e minha mãe achávamos graça.
Vez ou outra tinha um aniversário com o até então típico churrasco de Domingo. Eu e T. apesar de termos coisas em comum, nunca fomos muito próximos. Até porque ele preferia ficar dançando enquanto eu gostava de observar os adultos e suas esquisitices.
Até que chegou o dia em que minha mãe se mudou daquela casa. E como a vida tem dessas coisas, fiquei muitos anos sem me encontrar com T.. Já depois de quase 10 anos, e com a dimensão do Orkut, acabamos nos reencontrando. T. sempre estava nos ambientes gays de Niterói e São Gonçalo. Ele continuava sendo aquela criança divertida e risonha de sempre. Mas se já não tínhamos assunto quando crianças, agora os cumprimentos já eram suficientes.
No último dia 23 de Abril de 2009, uma quinta-feira, amanheci com a triste notícia de que T. falecera há alguns meses. Ele estava infectado pelo vírus da AIDS, o HIV. Fiquei chocado. Fui abatido por uma tristeza profunda que me fez refletir e relutar por 11 dias sobre o que publicar neste blog.
A princípio, minha revolta fazia crescer em mim um desejo de gritar e dizer para as pessoas nunca deixarem de usar preservativo, jamais arriscando assim suas vidas. Queria dizer que a AIDS ainda mata silenciosamente muita gente, e que, apesar dos coquetéis atuais, ela ainda está longe de ser exterminada. Queria alertar e dizer que o número de infectados tem crescido ultimamente mais em jovens mulheres heterossexuais. Queria dizer que o número também é crecente entre as pessoas da terceira idade que levam uma vida sexualmente ativa graças às pílulas contra impotência nos homens e os hormônios femininos que fazem com que as idosas se sintam mais jovens. Mas percebi que poderia ser acusado de aproveitar do falecimento de um amigo para fazer um discurso político-social.

Não vou ficar aqui bancando o chato alertando às pessoas sobre o que elas já sabem. Apesar de acreditar que o quadro da AIDS só reverter-se-á através de bastante conversa e troca de informações. Respeitando sempre as diferentes formas de amar e de ter prazer, devemos utilizar e incentivar sempre o sexo seguro. Sei que sexo é uma delicia, mas também sei que nenhuma trepada pode ser tão gostosa a ponto de valer a própria vida. E também não cabe a mim fazer julgamento de ninguém. Cada um sabe de si.
Em meio às lágrimas e ao arrependimento de não ter sido tão próximo de T. quanto eu gostaria , eu me despeço dele com o mesmo carinho que sempre tive. E prometo ser mais próximo das pessoas que gosto e admiro. T., seu rosto e sorriso de criança sempre estarão em minhas lembranças. Que Deus o mantenha em um lindo lugar!

terça-feira, 28 de abril de 2009

As coisas que cansei de ouvir

Não tem sentido pra eu continuar com o JUNIOR. O JUNIOR só arranja confusão. O JUNIOR precisa beijar na boca. O JUNIOR tem crise de ciúmes. O JUNIOR tem problemas demais na casa dele. Mas o que foi mesmo que eu vi no JUNIOR? O JUNIOR não se dá com nenhum dos meus amigos. O JUNIOR é muito chato. Ninguém merece o JUNIOR. O JUNIOR é muito infantil. O JUNIOR parece um velho. O JUNIOR fala pouco. O JUNIOR só fala merda. O JUNIOR é um idiota. O JUNIOR pensa que me engana. O JUNIOR se veste muito mal. O JUNIOR precisa crescer. O JUNIOR não tem onde cair morto. O JUNIOR é um coitado. O JUNIOR tá iludido com muita coisa. O JUNIOR é muito depressivo. O JUNIOR quer ser popular. O JUNIOR é só meu amigo. O JUNIOR não serve nem pra ser meu amigo. O JUNIOR não presta. O JUNIOR tem caspa. Eu discuto muito com o JUNIOR. O JUNIOR não presta. O JUNIOR é um traidor. O JUNIOR ainda acredita no amor. Eu não sei o que o JUNIOR pensa da vida. O JUNIOR não me liga. O JUNIOR enche o meu saco. O JUNIOR ama demais. O JUNIOR é bem mais feio que eu. O JUNIOR tem muito o que aprender. O JUNIOR não me deixa em paz. O JUNIOR é muito magro. Quando será que o JUNIOR vai aprender? Eu e o JUNIOR não damos mais certo. É impossível entender o JUNIOR. O JUNIOR não me entende. Ninguém entende o JUNIOR. O JUNIOR quando cisma com uma coisa... O JUNIOR não se cansa? O JUNIOR é muito cabeça dura. O JUNIOR é bem problemático. O JUNIOR é ciumento. O JUNIOR é um cara bem difícil de lidar. O JUNIOR é muito tímido. O JUNIOR é muito infeliz. O JUNIOR é feliz até demais. Eu não sei onde o JUNIOR encontra a felicidade. O JUNIOR não curte sair pra beber. O JUNIOR não é o cara da minha vida. O JUNIOR nem é tão especial assim pra mim. O JUNIOR tem sardas demais no rosto. O JUNIOR nunca será como eu. Eu conquistei muito mais coisas que o JUNIOR. O JUNIOR tem uma baixa autoestima. O JUNIOR se acha melhor que todo mundo. Então, o JUNIOR se sobrevaloriza. O JUNIOR tem orgasmos muito facilmente. O JUNIOR caminha bem devagar para os meus padrões. O JUNIOR é uma excessão à regra de pessoas com as quais eu costumava me relacionar. O JUNIOR é um mistério. Eu já desvendei todos os segredos do JUNIOR. As lágrimas do JUNIOR já não me comovem mais. O JUNIOR é um bebê chorão. O JUNIOR é um garoto que foi mimado pela mamãezinha. O JUNIOR nhém-nhém-nhém. O JUNIOR é um grude. Eu sou muito mais bonito que o JUNIOR. O JUNIOR nunca será tão bem sucedido como eu. Os meus amigos são bem mais legais que os do JUNIOR. O JUNIOR tão tem tantos amigos quanto eu. O JUNIOR nem tem amigos. O JUNIOR é sozinho nessa vida. O JUNIOR quer passar uma imagem de que não tem ninguém. O JUNIOR é falso. Apesar de ter milhões de defeitos, eu gosto do JUNIOR. Mas o JUNIOR é só meu amigo, hein, pessoal. Eu posso ficar com quantos garotos eu quiser que o JUNIOR sempre estará sentadinho no meu banco de reservas a me esperar. O JUNIOR é muito otário mesmo. O JUNIOR acredita em tudo. Como o JUNIOR é ingênuo. O JUNIOR pensa que é esperto. O JUNIOR pensa que eu sou o bichinho dele. É bom deixar claro que o JUNIOR nunca mandou em mim. O JUNIOR não topou sexo a três. O pobre do JUNIOR, além de tudo, é careta. O JUNIOR é um engano. O JUNIOR foi um grande erro na minha vida. Pelo menos o JUNIOR serviu como uma espécie de ensaio para o meu próximo relacionamento. Coitado do JUNIOR. Eu não quero mais ninguém como o JUNIOR. O JUNIOR nunca foi o cara ideal para mim. O JUNIOR nunca foi do mesmo nível que eu. Mas é claro que eu consigo alguém melhor que o JUNIOR. O JUNIOR já não me satisfazia mais. Eu nunca soube o que realmente me atraia no JUNIOR. Mas o JUNIOR um dia vai se mancar. O JUNIOR é muito pouco. O JUNIOR é isso. O JUNIOR é aquilo. O JUNIOR já era. O JUNIOR deve estar mal agora. Foda-se o JUNIOR.

Aí, eu me pergunto: O problema na verdade era eu?
Talvez o JUNIOR fosse bom demais...