segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O Nosso Amor é uma Mentira

Quando nos conhecemos,
Romanticamente, nos encantamos
E começamos a mentir

Mostramos um ao outro,
Num gesto de carinho,
Aquilo que nunca fomos

Foram três anos da mais pura mentirada
Tu fingias que me amava
E eu fingia que acreditava

Quando nos afastamos,
Por incrível que pareça,
O amor não terminou
E a mentira prevaleceu

Nós fingimos que nos esquecemos
Apagamos todos os momentos
E aquele sentimento
Que você nunca me deu

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Morte Viva



Eu já sabia que não mais nos amávamos. Também sabia que precisava urgentemente fazer alguma coisa para mudar aquela situação na qual nos encontrávamos. Mais o que eu poderia fazer? Tentar reconquistar o seu amor ou esquecê-la de uma vez por todas? Por mais que eu me esforçasse, não me chegariam as respostas para estes meus conflitos. E, talvez, nem mesmo ela soubesse da existência dos dilemas que habitavam em minha mente. Sempre fui muito tímido. Ela jamais saberia a respeito da grandeza ou da ausência de qualquer sentimento meu em relação a ela ou a qualquer coisa. Nem eu mesmo os sabia. Só sabia que o amor, amor mesmo, há muito tempo já havia acabado. Mas continuávamos a nos encontrar.

Num desses encontros, conversamos como nunca antes. Ela me contou sobre seus medos, seus sonhos, suas fraquezas e seus planos para o futuro. Eu apenas a ouvia e me interessava a respeito de seus assuntos. Se havia algo de que eu estava certo era de que ela, como nenhuma pessoa antes, me fascinava. Tudo nela me parecia mágico. Me prendia, me surpreendia e encantava. Jamais imaginei sentir aquilo por alguém. Ainda mais com aquela jovem delicada que não me tinha nada a oferecer. E, por acaso, há cerca de dois anos e meio eu vinha sendo envolvido pela sua beleza e formosura.

Mas algo martelava minha cabeça para que eu fizesse algo urgentemente. O que sentia por ela era amor? Não mais. Preferi, então, preparar-lhe um jantar de despedida. Convidei-a para que viesse à noite até minha casa. À luz de velas, comemos lasanha e bebemos vinho. Conversamos e gargalhamos por alguns instantes sentados no sofá da sala. Por alguns instantes fomos felizes. Pouco tempo depois, estávamos deitados sobre a cama. Ambos os corpos nus e entrelaçados, como de costume.

Na calada da madrugada, acordei assustado e olhei para ela enquanto dormia. Sem muito pensar, saquei a tesoura que havia afiado naquela tarde e que estava escondida sob o meu travesseiro. Sem muito pensar, perfurei-lhe o peito e, em seguida, rasguei-lhe o tórax. De lá de dentro retirei o coração quente e ensanguentado que em minha mão ainda pulsava. Enfim, era meu.

Num ato de desespero, eu tranquei o seu coração dentro de uma gaveta e deitei a chave fora. Lá dentro, sei que solitário e calado, o coração que foi dela ainda pulsa. Cada vez mais vivo e vermelho. E continuará pulsando enquanto eu ainda escrever pensando nela.