quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Quem sou eu?




Sou o amanhecer...
Sou o brilho das estrelas, a alma de cada folha...
Sou Aroni...
Sou a madeira com frio na beira do rio...
Sou a semente que sobe do solo ao céu...
Sou a seiva que serve de sangue ao ser...
Sou a pedra que permanece...
Sou a brisa que ameniza...
Sou a eternidade sem fim...
Sou a cor das matas e das manhãs...
Sou o sabor das massas e das maçãs...
Sou o prazer de ter no que crer...
Sou o dia que irradia alegria...
Sou o lugar por onde a onda ainda não andou...
Sou o jardim cultivado a cada dia dentro de mim...
Sou o livro do vento que inventa que é livre...
Sou um menino em mim, um curumim...
Sou a sabedoria que sobe as árvores durante séculos...
Sou a tristeza cultivada em cativeiro...
Sou a felicidade correndo através das raízes...
Sou o passo pacífico dos pássaros...
Sou a ânsia de imortalidade da mocidade...
Sou o pecado nunca cometido pelos índios desalmanizados pelos jesuítas...
Sou os grãos semeados no chão com todo o amor do fundo do coração...
Sou a plenitude de Adão e Eva das cavernas...
Sou o pão dos famintos por parte de nação...
Sou água, mágoa do mundo...
Sou o silêncio do verde eterno e profundo...
Sou o tempo que tempera a vida de quem espera...
Sou a acidez do choro da chuva...
Sou o sorriso do Sol...
Sou o Morrer, o Reencarnar, o Renascer...
Sou a estrela carente e cadente...
Sou o homem que sabe amar o homo sapiens...
Sou a escuridão da noite que fere com seu açoite...
Sou a tristeza desvelada da natureza...
Sou um peixe que luta para que não se deixe levar pela correnteza...
Sou a simples complexidade da beleza...
Sou o suor do sabor sem som...
Sou a força que nunca seca...
Sou órgãos organizados orgasmicamente numa ordem orgânica...
Sou a delicadeza presente entre as folhas...
Sou os olhos da selva embaçados pela fumaça...
Sou o breu do meu medo...
Sou a erva que cura na relva da mata escura...
Sou um fruto fraco que afronta um futuro bruto...
Sou o pôr-do-sol, o nascer-do-sol, o nascer-do-pôr-do-sol, o por-nascer-do-sol, o renascer-do-sol, o repor-do-sol, o nascer-do-nascer-do-sol, o renascer-do-pôr-do-sol, o por-nascer-do-nascer-do-sol, e o por-nascer-do-pôr-do-sol, o renascer-do-por-nascer-do-sol, o repor-do-por-nascer-do-renascer-do-pôr-do-sol...
Sou as asas da liberdade...
Sou a chuva que chora todo esse ácido que evapora...
Eu sou a conquista do dia seguinte...