domingo, 16 de agosto de 2009

Vestibular da UFF, Jurdiney Junior e Estudos de Mídia


No ano de 2007, sob o incentivo de um amigo que cursava Geografia na UFRJ, eu me inscrevi no vestibular da UFF. Após dois anos sem estudar e tendo abandonado completamente o 6° período do curso de Letras numa outra universidade por motivos familiares, eu me aventurei nesse louco desafio que é a prova de vestibular de uma Universidade Federal. A princípio, eu prestaria a prova para o curso de Cinema por sempre ter sido louco por filmes, mas acabei optando pelo curso de Estudos de Mídia por me parecer igualmente interessante.Comecei, então, a revisitar os livros tão distantes do Ensino Médio. E tentar refrescar a minha memória para assuntos que há cinco anos estavam adormecidos em minha mente. Não fiz cursinho de pré-vestibular. Eu estudava em casa mesmo.

Todos os dias, depois de chegar cansado do serviço, eu me afundava em Matemática, História, Física, Geografia e Biologia. Língua Portuguesa e Literatura nem tanto por achar que tiraria de letra. Ou de Letras. Agora, quanto à Química, eu desisti completamente. Posso contar nos dedos quantas foram as vezes que abri o livro para ler qualquer coisa que fosse. E assim eram todos os meus dias. Chegava cansado do trabalho e estudava até que o sono em mim chegasse.Confesso que em algumas vezes eu me sentia desmotivado. Talvez pelo fato de não dominar mais determinados assuntos dos quais há mais de cinco anos não ne lembrava sequer da existência. Eu me lembro também que havia passado recentemente para um concurso da Caixa Econômica Federal e estava muito ansioso para ser logo chamado. Por outro lado, a motivação vinha das pessoas que me rodeavam e me queriam bem, da minha vontade de querer mudar e do desejo de querer fazer algo novo que me impulsionasse para fazer aquilo que gosto depois de ter sido subjugado por alguns familiares que se mostraram falsos torcedores do meu sucesso.

Motivado e confiante em mim mesmo, fui fazer a tão aguardada prova de vestibular. Eu estava muito ansioso. Mas no fundo, algo me dizia que eu conseguiria ter um bom desempenho naquela primeira fase. Fiz toda a prova muito calmo e tranquilo. Eu estava certo de que passaria para a segunda fase. E passei. No mesmo dia, mais tarde, vi na Internet que eu havia acertado 38 questões num total de 66. Fiquei feliz e bastante empolgado para a segunda fase.

Mas no dia, eu estava muito nervoso. Fiz a prova de Língua Portuguesa muito rapidamente, esquecendo de revisar os meus erros. Na de História, eu acabei me atrapalhando com coisas bobas. Na redação eu fiz um paralelo entre as liberdades sexuais no Império Romano e os dias de hoje. Quando terminei de realizar a prova, eu me lembro que saí da sala acreditando que havia feito a melhor prova da minha vida. Mas na verdade eu estava muio confuso.Na saída, encontrei-me no ponto de ônibus com um rapaz que também havia feito a prova de vestibular na mesma sala que eu e, coincidentemente, para o mesmo curso, Estudos de Mídia. Seu nome era Thiago Nascimento dos Santos. Nós pegamos o mesmo ônibus no sentido de Alcântara e fomos conversando sobre filmes, sobre a prova de vestibular e sobre o próprio curso, pois sua namorad já cursava Estudos de Mídia. Ficamos amigos naquele instante. Nós mantínhamos contato pelo Orkut e MSN apenas, até pegarmos o resultado das nossas provas.

Minha ansiedade era tanta que cheguei a criar uma comunidade no Orkut para manter contato com outras pessoas que estavam aguardando o resultado como nós dois.No dia divulgado pelo vestibular, entrei no website e peguei o resultado. Para este curso, havia 40 cadeiras disponíveis. Minha posição foi a número 53. Droga! Fui para a reclassificação a espera de um milagre que não veio. Telefonei para o Thiago e ele me disse que não tinha conseguido entrar na fila de reclassificação. Mantivemos contato por todo aquele ano, então. Sempre um incentivando o outro para tentar novamente no ano seguinte.Enquanto isso, a comunidade que eu havia criado permanecia, por mim, esquecida. Alguns alunos, então, se sentiram no direito de debocharem de mim porque eu havia criado uma comunidade do curso para o qual eu não havia sido "selecionado". Estes mesmos alunos também criaram um perfil falso para mim no Orkut - www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=16973102197685800120 - no qual me ofendiam e subestimavam a minha capacidade de entrar numa universidade federal.


Os alunos passaram, então, a me materializar num boneco que funcionava como uma espécie de vodu, estando presente nas festas, churrascos e choppadas do curso. Eles passaram a fotografar este meu boneco e fotografá-lo em diversas situações. Entre elas, sentado numa mesa de bar na Praça da Cantareira. E ainda rendeu a criação de um blog cujo link é http://omitojurdiney.blogspot.com/2008/08/blog-post.html . Eles riam de mim também pelo fato de eu não ter conseguido entrar na primeira vez que tentei o vestibular para a UFF. Me taxavan como incapaz e que eu deveria continuar tentando. O meu nome incomum também virou sinônimo de ausência. Quando queriam dizer que um determinado lugar estava vazio, eles diziam que somente o Jurdiney estava lá. E todos queriam fotografar com o boneco do Jurdiney, fazer vídeos com o boneco do Jurdiney, levar o Jurdiney para as festas. Enfim, eu virei onipresente no IACS e fora dele.

Eu confesso que fiquei assustado à primeira vez que vi a repercussão que aquilo tudo estava tomando. Achei que quem fez aquele perfil fake no Orkut foi muito criativo, até. E não o denunciei ao Google por até achá-lo engraçadinho. Mas, sem dúvida, a infantilidade de determinados alunos é inquestionável. E todos esses ataques só me mostraram que um veterano, não necessariamente é mais inteligene que alguém que ainda não entrou no curso.O que no fundo eu não entendia era o porquê que eles me julgavam incapaz de entrar no curso que eles faziam. Por que se sentiram no direito de me insultar? E o que os levou a brincar com o nome de uma pessoa que eles nem conheciam e nem sequer haviam visto? Essas coisas me passaram pela cabeça.Nos seus ataques, eles diziam pra que eu continuasse tentando. E foi exatamente o que eu fiz.

No ano seguinte, passei para o segundo semestre, apesar de ter zerado Química, e ter sido beneficiado por uma questão anulada, fui contemplado com uma nota dez em minha redação. Eu estava muito feliz por ter conseguido entrar para o curso de Estudos de Mídia na segunda tentativa e ter provado para mim mesmo que eu era capaz. Resolvi, então, brincar também com os meus novos amigos de universidade e me senti no direito de apagar um determinado tópico naquela mesma comunidade do Orkut que eu mesmo havia criado. Assinei ali a minha sentença de morte. Os ateques se intensificaram e passaram a ser muito agressivos. Uma determinada aluna, C., chegou a criar uma comunidade no orkut intitulada "MORTE AO JURDINEY". Eu fiquei surpreso e acabei denunciando-a ao Google.As ofensas foram tantas que os coordenadores do curso, Ana Enne e Afonso Albuquerque, chegaram a intervir e a publicar no orkut um descontentamento. Suas palavras eram essas: "Manifestamos publicamente a nossa indignação diante das atitudes discriminatórias manifestadas por alunos do curso de Esudos de Mídia em comunidades do Orkut, dirigidas contra determinadas categorias sociais, particularmente de caráter homofóbico. Ainda mais grave, essas atitudes discriminatórias têm se voltado contra pessoas concretas, especificamente alunos do curso e aprovados no vestibular. Trata-se de uma atitude covarde, de linchamento moral, incoberto pelo inacreditável álibi do "humor". Sabemos que as comunidades do Orkut são um espaço para a livre expressão do pensamento. Porém, a liberdade de expressão termina onde começa a agressão. Lembramos que práticas discriminatórias - principalmente quando dirigidas a pessoas especificas - são passíveis de processo judicial. Consideramos essas atitudes covardes e inteiramente incondizentes com os valores de cidadania patrocinados pelo curso. Ana Enne e Afonso de Albuquerque".

Eu sempre fui um cara tranquilo que brinca e aceita brincadeiras, mas determinadas coisas que eles escriviam realmente eram grosseiras e ofensivas. Como forma de tenar me aproximar desses alunos cheguei a ir no dia 20 de Março de 2009 a uma festa, que não é a festa original do curso, mas que se autointitula FANFAMÍDIA. Nesta festa, tentei conversar com alguns alunos que me atacavam pela internet, mas não tive muito sucesso. Ao contrário dos calouros do Curso de Estudos de Mídia, 2009/01, que sempre foram receptivos para comigo.

No dia 03 de Agosto de 2009, fui ao IACS fazer a minha inscrição em disciplinas e conheci alguns calouros que estudarão comigo. Depois, alguns veteranos, entre eles alguns que me ofenderam pela internet, nos levaram para o campus do Gragoatá. Houve uma breve e fútil apresentação, sempre com o ar de superioridade de alguns veteranos pra cima dos calouros.Amanhã, 17 de Agosto de 2009, estarei lá no IACS à tarde para a Semana de Boas Vindas a nós, calouros. Diria que estou ansioso para começar logo a estudar. Fico feliz por entrar neste curso insistido por mim durante dois anos e por saber que lá eu já possuo alguns amigos. E que novas amizades ainda surgirão.

5 comentários:

Thiago.. disse...

Nossa!! que viagem essa história, daria um filme! Um belo exemplo de persistência e de que não devemos desistir tão fácil daquilo que queremos independente das adversidades! Parabéns cara, que o dia 17 de agosto marque o início de uma longa caminhada de sucesso pra ti!
abraço!!

Rodrigo Arantes disse...

Ar de superioridade dos veteranos?
Cara tu é "CALOURO" se enxerga, isso acontece em toda apresentação de curso deixa de ser chorão e pare de se achar perseguido, afinal de contas você já tem as costas quentes e não devem pegar pesado no trote em você, uma vez que você se diz o mártir de midia né? Na boa você vai ser lembrado sempre como a piada de mídia por ter criado a comunidade e não ter passado. Não adianta, viva com isso, pois aconteceria com qualquer pessoa. Não sou aluno de mídia mas conheço a galera quase toda e com certeza nenhum dos ataques que você diz ter ocorrido teriam acontecido se você não tivesse apagado a contagem regressiva na comunidade.

Boa sorte!

JonnY disse...

falaih... bem vindo a UFF e especificamente a ESTUDOS DE MÍDIA. é um curso pra corajosos e espertos.. profissão do futuro.. vc vai ver..
mas aki... tu parece ser um cara do bem... e o mundo tah precisando d gente assim kara.. qt a alguma coisa q t incomodou passou e tah manero... tu tah dentro agora e eh soh fazer o seu... ainda n t vi lah no IACS.. estou no 4º período e qqr coisa tô por ae.. a gnt se fala por lah.. abço!

Unknown disse...

leonardo!!!
show cara nunca devemos desistir dos nossos sonho! E é por isso que esse ano me inscrevi para a UFF para o curso de medicina a prova será em novembro e dezembro de 2009, só que estou com muita dificuldade de aprendizagem, se vc poder postar uma dicas sobre esse vestibular eu te agradeceria. Meu e-mail é leonardo.dk@hotmail.com
vlw, abrç e sucesso!!!

Unknown disse...

Você é muito corajoso e tolerante. Parabéns pela sua vitória. Grande exemplo!!! Você vai longe ao contrário de muita gente que não se enxerga por ai. Abraço