segunda-feira, 4 de maio de 2009

In memoriam de T.

Quando eu tinha aproximadamente 13 anos, eu conheci T., que provavelmente deveria ter a mesma idade que eu, através de nossas mães que moravam em casas próximas. Lembro-me de poucas coisas daquela época, mas são sempre ótimas lembranças. Lembro-me das vezes em que T. ia até a casa da minha mãe. Ele era sempre muito engraçado. Lembro-me das vezes em que víamos musicais na TV. Ele começava a dançar enquanto eu, meu irmão e minha mãe achávamos graça.
Vez ou outra tinha um aniversário com o até então típico churrasco de Domingo. Eu e T. apesar de termos coisas em comum, nunca fomos muito próximos. Até porque ele preferia ficar dançando enquanto eu gostava de observar os adultos e suas esquisitices.
Até que chegou o dia em que minha mãe se mudou daquela casa. E como a vida tem dessas coisas, fiquei muitos anos sem me encontrar com T.. Já depois de quase 10 anos, e com a dimensão do Orkut, acabamos nos reencontrando. T. sempre estava nos ambientes gays de Niterói e São Gonçalo. Ele continuava sendo aquela criança divertida e risonha de sempre. Mas se já não tínhamos assunto quando crianças, agora os cumprimentos já eram suficientes.
No último dia 23 de Abril de 2009, uma quinta-feira, amanheci com a triste notícia de que T. falecera há alguns meses. Ele estava infectado pelo vírus da AIDS, o HIV. Fiquei chocado. Fui abatido por uma tristeza profunda que me fez refletir e relutar por 11 dias sobre o que publicar neste blog.
A princípio, minha revolta fazia crescer em mim um desejo de gritar e dizer para as pessoas nunca deixarem de usar preservativo, jamais arriscando assim suas vidas. Queria dizer que a AIDS ainda mata silenciosamente muita gente, e que, apesar dos coquetéis atuais, ela ainda está longe de ser exterminada. Queria alertar e dizer que o número de infectados tem crescido ultimamente mais em jovens mulheres heterossexuais. Queria dizer que o número também é crecente entre as pessoas da terceira idade que levam uma vida sexualmente ativa graças às pílulas contra impotência nos homens e os hormônios femininos que fazem com que as idosas se sintam mais jovens. Mas percebi que poderia ser acusado de aproveitar do falecimento de um amigo para fazer um discurso político-social.

Não vou ficar aqui bancando o chato alertando às pessoas sobre o que elas já sabem. Apesar de acreditar que o quadro da AIDS só reverter-se-á através de bastante conversa e troca de informações. Respeitando sempre as diferentes formas de amar e de ter prazer, devemos utilizar e incentivar sempre o sexo seguro. Sei que sexo é uma delicia, mas também sei que nenhuma trepada pode ser tão gostosa a ponto de valer a própria vida. E também não cabe a mim fazer julgamento de ninguém. Cada um sabe de si.
Em meio às lágrimas e ao arrependimento de não ter sido tão próximo de T. quanto eu gostaria , eu me despeço dele com o mesmo carinho que sempre tive. E prometo ser mais próximo das pessoas que gosto e admiro. T., seu rosto e sorriso de criança sempre estarão em minhas lembranças. Que Deus o mantenha em um lindo lugar!

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