quinta-feira, 29 de abril de 2010

Por que só vens de madrugada?


Preferiria que tu viesses durante o dia.
Esperar-te na gélida madrugada é muito cruel, para mim.
No firmamento, a Lua paira cheia e soberana.
Olho para o lado.
Olho para o outro lado.
Nada vejo a não ser o silêncio.
Mas sei que, assim como em todas as outras noites, não irás me abandonar.
Assim que deito-me em meu leito, tenho a mais plena consciência de que não tardadá para que, enfim, chegues.
Adormeço pensando em ti.
E tu vens.
Na madrugada fria, sozinha a caminhar pela rua até chegar a minha casa.
Depois de pular o muro ao lado do portão e subir a escada que dá acesso à garagem, tu te diriges até a porta da minha sala de estar e percebes que, sentado ao computador, já na estou.
Então, tu caminhas até a janela do meu quarto.
Lá dentro, durmo feito um anjo.
Tu estendes a tua mão para dentro do quarto através da janela que fora deixada aberta propositalmente.
Passas a mão sobre o meu rosto enquanto sussurra:
- Amor, acorde.
Então, lentamente, eu me desperto.
Olho para ti e esboço um sorriso no rosto.
Levanto-me da cama e me dirijo até a porta principal afim de abri-la para que em minha casa entres.
Vagarosamente, tu adentras.
Eu faço-te um sinal para que não faças barulho algum para que não acordes as demais pessoas na casa.
Ao entrarmos em meu quarto, giro a chave por dentro da fechadura e, assim, trancando-nos num ambiente só nosso.
No interior do meu quarto, nós nos olhamos de maneira compenetrante até enxergarmos o rosto de um dentro da pupila nos olhos do outro.
Num rápido momento, nos beijamos intensamente como se aquela fosse a nossa última vez.
Arrancamos as nossas roupas com muita voracidade e com toda a vontade de nos entregar completamente.
Como se aquela fosse a última vez em que pudéssemos experimentar o desejo que nutrimos um pelo outro.
Deitamo-nos na cama.
Ambos nus.
Fizemos amor como se aquela fosse a nossa primeira vez.
Depois da explosão de prazer que nos invadira, dou-te um beijo e sinto o teu cheiro invadindo os meus pulmões.
Durante a manhã, quando me desperto, ao meu lado na cama, tu já não estás.
Visto minha roupa e parto para um novo dia, sempre a me perguntar:
- Por que só vens de madrugada, Saudade?

2 comentários:

Marcos Felipe disse...

Parabéns, Jr. O texto é muito bom!

Nanda disse...

Eu adoro a madrugada! E achei esse texto lindo e intenso! Parabéns!

Beijos

Nanda